sexta-feira, outubro 11, 2024
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Não tenho perspectiva de ser vice de Nunes, diz Aldo após trocar PDT por MDB

Aldo Rebelo, secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, decidiu nesta sexta-feira (5) se filiar ao MDB, o que o torna apto para disputar a eleição como vice-prefeito na chapa de Ricardo Nunes (MDB), mas ao mesmo tempo o afasta dessa possibilidade.

Isso porque Nunes já tem o apoio de outros 11 partidos, que disputam a vaga de vice —dificilmente o prefeito vai concorrer numa chapa pura.

“Não trabalho com essa perspectiva de ser vice. É uma coisa longe, que cabe aos partidos”, disse Aldo à Folha. “Eu prefiro continuar na secretaria, onde eu ajudo mais do que numa especulação de vice.”

A legislação eleitoral impõe que aqueles que queiram concorrer em outubro se filiem a algum partido até sábado (6).

Ex-ministro e ex-deputado, Aldo está licenciado do PDT, partido que apoia Guilherme Boulos (PSOL), rival de Nunes na eleição. Convidado em janeiro para a secretaria depois da saída de Marta Suplicy (PT), que deixou o posto para ser vice de Boulos, Aldo teve que se licenciar do PDT para assumir o cargo.

Aldo afirmou ainda que a escolha pelo MDB era “mais conveniente”, dado que o PDT apoia o pré-candidato adversário.

Por ter bom trânsito na esquerda e mesmo na direita bolsonarista, Aldo passou a ser cogitado como um possível vice para Nunes, mas não poderia compor a chapa com o prefeito estando no PDT.

O entendimento hoje é o de que a vice de Nunes deve ser entregue a algum nome indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), principal aliado do prefeito na corrida e que integra o partido com mais recursos e tempo de propaganda na TV. A ideia é que a escolha tenha também o aval do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Por isso, houve um movimento de que Aldo, para se habilitar para ser vice, se filiasse em algum partido que orbitasse o bolsonarismo em São Paulo, mas como mostrou o Painel, ele resistiu ao PL e a escolha final ficou entre o Republicanos e o MDB.

Na opinião de aliados de Aldo, o secretário tem mais identidade com o MDB, partido do campo de centro e pelo qual ele concorreu a deputado federal em 1982, quando o PC do B era considerado ilegal pela ditadura militar.

A escolha, no entanto, o afasta da chapa com o prefeito, já que seria preciso um esforço para que os partidos abram mão da vice. Além do PL, União Brasil e PP também ofereceram nomes.

Nos bastidores, aliados de Nunes afirmam que, de qualquer forma, as chances de que Aldo fosse o vice já eram baixas. Também caiu na bolsa de apostas o nome indicado por Bolsonaro, o coronel da PM Ricardo Mello Araújo. Ainda é cogitada a vereadora e ex-secretária estadual de Política para as Mulheres, Sonaira Fernandes (PL).

Pelo X, o presidente do MDB, Baleia Rossi, disse estar honrado com o retorno de Aldo, “um democrata que dedica sua vida na defesa do Brasil”. “Experiente, honesto e antenado com o momento atual do país, Aldo personaliza muito do que temos discutido dentro do MDB.”

Como mostrou a Folha, Aldo ajuda Nunes em duas tarefas —acenar ao bolsonarismo e sinalizar amplitude em seu arco de apoiadores. Ex-ministro dos governos Lula (PT) e Dilma Rousseff (PT) e ex-deputado federal (1991-2015), Aldo tem uma trajetória que permite as duas leituras contraditórias.

Por um lado, o militante comunista, que fez carreira no PC do B, é listado por Nunes e aliados entre os nomes da esquerda que o apoiam, o que seria uma evidência da frente ampla que o prefeito reivindica, que tem Bolsonaro na outra ponta.

Ao mesmo tempo, a escolha de Aldo por Nunes foi elogiada por bolsonaristas, inclusive Fabio Wajngarten, que se identificam com valores que o ex-ministro prega, como nacionalismo, soberania da Amazônia e direito de defesa.

Bolsonaro, que foi colega de Aldo na Câmara dos Deputados, chegou a publicar em suas redes um trecho de uma entrevista em que o secretário diz que não se pode “atribuir nenhum tipo de seriedade” à tentativa de golpe bolsonarista que está no alvo do STF (Supremo Tribunal Federal).

Segundo emedebistas, Aldo divide com eles a avaliação de que Bolsonaro deve agir como mais um apoiador de Nunes e não como o dono da candidatura, para evitar a nacionalização pretendida por Boulos e Lula. Ele também minimiza a contaminação do prefeito pelo golpismo e negacionismo de Bolsonaro.

A divergência de Aldo com Boulos vem da época em que era ministro do Esporte, e o líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) promovia protestos contra a realização da Copa no Brasil.

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