Boulos volta a se reunir com ministro de Lula sobre crise da Enel e provoca Nunes
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, voltou a se reunir com o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, para discutir a crise da Enel na capital paulista e criticou o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).
“Falta comando, liderança, iniciativa e capacidade de diálogo com concessionárias [a Nunes] e por isso o governo federal está puxando para si [a responsabilidade]”, disse Boulos, cuja interferência no tema tem sido criticada por Nunes e vista por aliados do prefeito como uma politização indevida da questão.
Ele estava acompanhado na agenda por outros deputados federais por São Paulo, como Rui Falcão (PT-SP), Juliana Cardoso (PT-SP) e Nilto Tatto (PT-SP). Todos devem apoiá-lo nas eleições deste ano.
Não é a primeira vez que Boulos e Silveira discutem o assunto. Ambos conversaram por telefone no dia 1º de abril.
Na ligação o ministro detalhou a determinação para que a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) abra processo que pode levar à cassação da concessão da Enel e se colocou à disposição de Boulos. Na ocasião, combinaram também o encontro realizado nesta quarta (10).
Nunes tem criticado a atuação da Enel na cidade nos últimos meses e, em entrevista à coluna Painel, da Folha, afirmou no último dia 2 que não havia sido procurado por Silveira.
“A cidade de São Paulo, por meses, vem sofrendo com o descaso dessa empresa, e em nenhum momento o ministro de Minas e Energia se dignou em ter alguma atitude. Somente agora, após toda a nossa pressão e de forma tardia, toma providência, o que já deveria ter feito meses atrás. Mas para passar a mão no telefone e fazer política, usando o sofrimento da população, ele foi bem rápido”, afirmou na ocasião.
Nesta quarta, Boulos apresentou o que disse serem sugestões de melhorias para os contratos de concessões. Para ele, é necessário regionalizar por bairro os índices de qualidade da prestação do serviço. Hoje, isso é feito em uma escala maior.
O deputado propôs ainda que, em caso de caducidade do contrato, solução defendida por Boulos para a Enel, a companhia que teve seu contrato rompido não possa participar da concessão para substituí-la. “Nós defendemos a revisão do contrato da Enel e o governo federal está fazendo o que o prefeito de São Paulo não está fazendo.”
O Ministério de Minas e Energia determinou no início do mês à Aneel a abertura de processo contra a Enel.
O objetivo da pasta é saber se a empresa descumpriu com o contrato, se tem condições técnicas de seguir operando e se atendeu a ordem recente da Aneel para regularizar seus serviços. O processo pode levar à cassação da concessão da Enel em São Paulo.
Ao sair do encontro, Boulos também foi questionado sobre a operação da Polícia Federal e outros órgãos públicos contra empresas de ônibus de São Paulo. A investigação apura laços entre as empresas e o PCC.
“O que aconteceu ontem foi muito grave. As empresas [investigadas] receberam R$ 800 milhões dessa gestão somente no último ano. O prefeito de São Paulo precisa explicar porque repassou”, cobrou.
Como mostrou a coluna Painel, um dos presos doou R$ 75 mil na eleição de 2020 para Antonio Donato (PT), um dos coordenadores da pré-campanha de Boulos. Outros empresários que foram alvo da operação fizeram doações de R$ 145 mil para o antigo DEM, em 2020. O partido é atualmente a União Brasil, comandado pelo presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, aliado de Nunes.