segunda-feira, outubro 7, 2024
CidadeNoticias

Motorista de Porsche e amigos consumiram 9 drinques antes de acidente

São Paulo — A comanda do restaurante que o empresário Fernando Sastre Filho, de 24 anos, esteve com a namorada e um casal de amigos indica que o grupo consumiu bebidas alcoólicas horas antes do acidente com o Porsche que matou o motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52, na zona leste de São Paulo, no último dia 31.

Os quatro gastaram R$ 627 em comidas e bebidas, entre elas oito drinques de uísque com licor, além de uma caipirinha de vodka, segundo documento publicado pela TV Globo. Depois do jantar, o grupo foi para uma casa de pôquer, no bairro do Tatuapé. A polícia analisa a comanda e vídeos para saber se Fernando bebeu nos estabelecimentos.

Em depoimento, Marcus Vinícius, de 22 anos, que estava no banco de passageiro no momento em que Fernando bateu no carro da vítima, disse à polícia que o amigo tinha ingerido bebidas alcoólicas antes do acidente.

“Ele contou que estavam em um restaurante, que consumiram bebidas alcoólicas lá. De lá eles foram para a casa de pôquer. Na casa de pôquer eles ficaram em mesas separadas. Ele não conseguiu ver se lá ele consumiu bebida alcoólica ou não. De lá, eles saíram e tiveram uma discussão. Segundo Marcus, o amigo estava um pouco alterado, e a última coisa que ele se lembra é ele no carro com o amigo e o amigo acelerando”, afirmou. O advogado ainda disse que eles discutiram ao sair da casa de pôquer.

Áudios

Os primeiros telefonemas ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após o acidente com morte envolvendo um Porsche revelam o desespero de quem tentava socorrer as vítimas. Na primeira ligação, uma jovem que se identifica como Juliana avisa ao atendente: “Eu preciso urgente, urgente de ambulância. Marcus, calma, olha para mim. Olha para mim, Marcus”, diz.

Juliana de Toledo Simões, de 22 anos, é namorada de Marcus. Segundo câmeras de monitoramento e relatos de testemunhas, Fernando trafegava em altíssima velocidade com seu Porsche, avaliado em mais de R$ 1 milhão, quando bateu na traseira do Renault Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana, de 52, que morreu.

Os áudios com o teor dos diálogos das ligações ao Samu foram obtidos pelo Jornal Nacional, da TV Globo. No primeiro telefonema, Juliana ainda informa: “São três vítimas, mas uma aparentemente está bem e as outras duas estão mal”.

Em seguida, num segundo contato com o Samu, Juliana percebe a chegada de uma pessoa chamada Dani e tenta acalmá-la. “Dani, calma. Gi, vai lá ajudar a Dani”, diz a jovem. A atendente do serviço médico responde: “Calma. Pede para ela ter calma, tá?”.

Dani, ao que tudo indica, seria a mãe de Fernando Sastre, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, de 45 anos. Ela foi até o local do acidente e afirmou à PM que iria levar o filho ao Hospital São Luiz Ibirapuera — o que não aconteceu. O empresário só se apresentou à polícia mais de 36 horas após a batida que causou a morte de um trabalhador.

Acidente

A batida aconteceu por volta das 2h20, na Avenida Salim Farah Maluf, na madrugada de domingo (31/3), e foi flagrada por câmeras de segurança. Vítima da colisão, o motorista de aplicativo chegou a ser socorrido, já em quadro de parada cardiorrespiratória, e morreu 1 hora depois por perder muito sangue.

No interrogatório, Fernando Filho admitiu que dirigia o Porsche “um pouco” acima do limite de velocidade, negou ter bebido e disse que, após a colisão, “apagou” e só retomou a consciência quando estava “deitado na via pública”. Também afirmou que está “amargamente arrependido”.

Aos policiais, o empresário relatou que tinha ido com um amigo para um clube de poker, no Tatuapé, onde ficou por cerca de 3 horas. Ele, que recebeu ajuda da mãe para fugir do local do acidente sem fazer teste de bafômetro, também disse não se recordar como ela foi socorrê-lo.

O relato é contestado por outras pessoas que viram a colisão. Segundo testemunha, Fernando Sastre Filho apresentava sinais de embriaguez, com a voz pastosa e cambaleando, e não ofereceu ajuda a Ornaldo.

Ele foi indiciado por homicídio com dolo eventual, lesão corporal e fuga do local do acidente. A Polícia Civil chegou a representar pela prisão temporária do empresário, mas o pedido foi negado pela Justiça paulista.

Namorada

No inquérito, uma testemunha relata que, durante o socorro, um carro, cujo modelo não soube especificar, chegou a parar no local, e duas garotas desembarcaram. Uma delas teria se apresentado como namorada de Fernando Sastre Filho.

Ainda segundo a testemunha, nesse meio-tempo, o celular do empresário tocou, e um rapaz que ajudou Fernando a sair do Porsche atendeu a ligação e conversou com a mãe dele sobre o acidente.

Até a chegada de Daniela, a suposta namorada e a outra jovem tentaram tirar do local Fernando e o amigo dele, que também ocupava o Porsche e se feriu, segundo a testemunha. A postura das moças foi contestada por outras pessoas que presenciaram o acidente. “Eles só vão sair daqui após o outro motorista [Ornaldo] ser atendido pelo resgate.”

Mãe “alterada”

Daniela Cristina chegou “alterada” ao local do acidente, ainda antes dos socorristas, segundo a testemunha.

A testemunha também diz que a principal preocupação da familiar e das jovens era ajudar Fernando “a se evadir”. Segundo seu depoimento, “em nenhum momento” as duas garotas ou a mãe do empresário “prestaram qualquer tipo de atenção ao socorro para a vítima do Renault”.

A mãe do empresário, como mostrado pelo Metrópoles, deve ser indiciada pela Polícia Civil por fraude processual, porque ela inviabilizou que o empresário fosse submetido a exames toxicológicos.

A informação foi confirmada em sigilo por fontes policiais que acompanham o caso.

Sem ir ao hospital

Como mostrado pelo Metrópoles, a mãe de Fernando foi até o local do acidente e disse aos policiais militares que atenderam a ocorrência que ia levar o filho para o Hospital São Luiz, no Ibirapuera, zona sul de São Paulo.

Os PMs liberaram os dois e depois foram à unidade de saúde com o intuito de realizar o exame de bafômetro no empresário. No local, foram informados de que Fernando não havia dado entrada em nenhum hospital da rede.

Além de liberar o suspeito, os PMs demoraram cerca de 5 horas para apresentar a ocorrência na delegacia. A conduta é investigada internamente pela corporação.

No depoimento, Fernando Sastre Filho admitiu que, de fato, não foi para nenhum hospital. Ele disse que sua mãe o levou para casa, onde repousou. Depois, ela alegou que tinha recebido ameaças pelo celular, sem especificar de quem, e que achou melhor não buscar atendimento médico para o filho.

source

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com