terça-feira, outubro 8, 2024
DengueSaude

Parelheiros e Marsilac, na zona sul de SP, entram em epidemia de dengue pela 1ª vez desde 2015 – UOL

Acesse seus artigos salvos em
Minha Folha, sua área personalizada
Acesse os artigos do assunto seguido na
Minha Folha, sua área personalizada

Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Gostaria de receber as principais notícias
do Brasil e do mundo?
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
De 2015 a 2023, os distritos de Marsilac e Parelheiros, no extremo sul da cidade de São Paulo, não apontaram alta incidência de dengue e nem chegaram a um nível epidêmico —acima de 300 casos por 100 mil habitantes. É o que mostra uma série histórica de casos e incidência da doença presente nos boletins epidemiológicos de arboviroses (doenças transmitidas por mosquitos) da Secretaria Municipal de Saúde.
Em 2024, a intensidade da doença mudou a história epidemiológica destes distritos. O último boletim da Secretaria Municipal de Saúde —com dados contabilizados até 3 de abril— aponta para epidemia de dengue em Marsilac (316,3) e Parelheiros (544,4).
Na semana de 20 a 27 de março, Parelheiros já havia alcançado esta condição, quando chegou a uma incidência de 405.
Em 2015, ano em que a capital paulista confirmou 103.186 casos de dengue, a transmissão da doença se manteve baixa em Marsilac, com coeficiente de incidência de 12,1, e média em Parelheiros, cuja taxa foi de 152,2.
Em 2024, até 3 de abril, o município contabilizou 114.314 casos e 39 mortes por dengue.
Marsilac e Parelheiros abrangem a Área de Proteção Ambiental Capivari-Monos. Os distritos possuem as menores temperaturas mínimas e máximas da capital. O clima é mais ameno no verão. Os locais são cercados por trilhas e cachoeiras.
Segundo o secretário municipal de Saúde de são Paulo, Luiz Carlos Zamarco, o que explica a incidência acima do nível epidêmico nos dois distritos em 2024 foi a maior identificação de casos devido à oferta de testes de dengue. “São Paulo, é a única cidade no Brasil onde você tem a realidade do que está acontecendo com a dengue”, afirma Zamarco.
“Nos outros locais, as pessoas chegam com sintomas, são notificadas como suspeitas, mas não são consideradas casos, a não ser que realmente tenham sintomas que ficam recorrentes, voltando várias vezes, fazem hemograma, e confirmam queda de plaqueta. Em São Paulo, com uma simples febre, o paciente chega na unidade, é feito um teste da dengue. Se der positivo, já é notificado”, completa o secretário.
Essa não foi, no entanto, a situação observada quando a reportagem da Folha visitou tendas de atendimento à dengue abertas pela Prefeitura na última semana. Além dos atrasos no atendimento e aglomerações, diversos pacientes se queixaram de apresentarem sintomas típicos de dengue —como febre alta, dor de cabeça e no corpo e vômito— que esperavam mais de três horas para a triagem, procedimento necessário para encaminhar as pessoas para atendimento e testagem.
O secretário de Saúde, porém, reforça que o “Brasil inteiro teve um grande aumento da dengue”, mas em São Paulo o número é muito maior “porque São Paulo é a única cidade que está fazendo teste de dengue”.
Zamarco também aponta como motivo a possibilidade da infecção em moradores em Marsilac e Parelheiros ter ocorrido em outros bairros. Segundo ele, a pasta da Saúde monitora os dois distritos.
“Em geral, o morador de Marsilac ou Parelheiros vai trabalhar em outras regiões da cidade. Às vezes, onde tem uma incidência maior de dengue, e essa pessoa acaba se infectando em outros locais. Mas a notificação é feita pelo local da residência daquela pessoa”, explica.
Para Maria Anice Mureb Sallum, professora do departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) e coordenadora do mestrado profissional em entomologia, vários fatores explicam a alta incidência de dengue em Marsilac e Parelheiros.
“Este ano a transmissão está mais elevada, mais intensa e longa do que nos anos anteriores. Nós temos vários meses com transmissão. Tinha uma grande parcela da população suscetível a adquirir a infecção pelo vírus da dengue porque nunca havia tido dengue, tanto que você viu que nos anos anteriores eram poucos casos”, explica Sallum.
Ciência, hábitos e prevenção numa newsletter para a sua saúde e bem-estar
Carregando…
“Uma vez que o vírus chega até o lugar, já que o mosquito sempre esteve circulando, ele é introduzido no local onde tem o mosquito Aedes aegypti e pessoas suscetíveis começam a se infectar e desencadeia a transmissão. Muitas podem ter se infectado em outras áreas da cidade e levado o vírus para estes locais”, diz a professora.
A epidemiologista também observa que os quatro sorotipos da dengue estão em circulação no estado de São Paulo, e que há um fato novo no histórico da doença na capital.
“Antes, os casos estavam mais localizados, em alguns bairros, algumas regiões de São Paulo. Este ano, não. A transmissão está mais intensa, ou seja, tem mais casos na cidade inteira. E está mais dispersa. A dengue chegou em áreas que não tinha antes”, explica Sallum.
Além disso, as mudanças climáticas intensificam a transmissão e aumentam a ocorrência de casos em toda a cidade.
E, por fim, Marsilac e Parelheiros são áreas pobres e com infraestrutura urbana mais caótica, o que favorece a proliferação do mosquito, diz a professora.
“Há casas com caixa d’água em cima da laje, casas com laje sem telhado, não há coleta regular de lixo. Nas lajes você pode ter acúmulo de água e também tem pessoas que guardam água em casa. Mesmo que tenha menos pessoas e menos mosquitos, há o suficiente para manter a transmissão do vírus da dengue.”
Na opinião da pesquisadora, a tendência é que os casos comecem a diminuir, tanto devido à imunidade natural, ou seja, reduz o número de pessoas suscetíveis, e também pela diminuição da temperatura.
“O vírus, para se desenvolver no organismo do mosquito, tem que sofrer replicação. Em temperaturas mais baixas, esse processo é um pouco mais lento. Então, como a gente agora tem uma diferença, por exemplo, à noite a temperatura chega a 20 ºC, e às vezes durante o dia tem temperaturas de 29 ºC, 30 ºC, essa amplitude desfavorece.”

“Pela replicação do vírus ser um pouco mais lenta, para o mosquito se alimentarem de um sangue infectado e o vírus chegar até a glândula salivar, vai demorar de 8 a 10 dias. Com isso, muitas fêmeas do mosquito já morreram. As larvas e as pupas demoram um pouco mais para se desenvolverem”, explica Sallum.
Segundo Zamarco, mesmo nas regiões com taxa de incidência inferior a 300 por 100 mil habitantes, a secretaria mantém as ações de combate à doença, com ação casa a casa e o fumacê. Os agentes de endemias estão distribuídos por todas as regiões e o trabalho ele é feito em toda a cidade, independente do número de casos.
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Leia tudo sobre o tema e siga:
Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter acesso a reportagens e colunas, você conta com newsletters exclusivas (conheça aqui). Também pode baixar nosso aplicativo gratuito na Apple Store ou na Google Play para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!
Mais de 180 reportagens e análises publicadas a cada dia. Um time com mais de 200 colunistas e blogueiros. Um jornalismo profissional que fiscaliza o poder público, veicula notícias proveitosas e inspiradoras, faz contraponto à intolerância das redes sociais e traça uma linha clara entre verdade e mentira. Quanto custa ajudar a produzir esse conteúdo?
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Carregando…
Carregando…
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Daniel Zonshine afirma à Folha que retaliação iraniana com drones e mísseis leva conflito a outro nível
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Tecnologia em uso desde 2011 pelo país voltou a ser empregada para conter os cerca de 200 drones e mísseis lançados pelo Irã em ação retaliatória
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Juro elevado e baixo dinamismo econômico devem inverter saldo de Lula 1 e 2, prevê estudo
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.

O jornal Folha de S.Paulo é publicado pela Empresa Folha da Manhã S.A. CNPJ: 60.579.703/0001-48
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
Cadastro realizado com sucesso!
Por favor, tente mais tarde!

source

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com