segunda-feira, outubro 7, 2024
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Racha no PCC: MPSP diz que rival de Marcola está com “vida em risco”

São Paulo – O Ministério Público de São Paulo (MPSP) emitiu parecer nesta segunda-feira (15/4) para renovar a permanência no sistema penitenciário federal de Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, que é ex-aliado e agora rival de Marco Willian Herbas Camacho, o Marcola, o chefão do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Envolvido no racha do PCC, Vida Loka já fez parte da mais alta cúpula da facção e está na Penitenciária Federal de Brasília, uma das cinco unidades de segurança máxima do país, a mesma cadeia que abriga Marcola. O prazo para mantê-lo no regime mais duro expira no dia 27 de maio e a permanência deve ser autorizada pela Justiça.

No parecer, obtido pelo Metrópoles, o promotor Andre Luis de Souza, do MPSP, diz que Vida Loka tem “perfil radical” e exerce “atividade de comando” com “diversos poderes de mando”. O racha na facção também é citado no documento.

“É dos autos, ainda, informações de desinteligência com pessoas do PCC [Marcola], com a determinação de execução por parte de Abel, bem como este também está com sua vida em risco, uma vez que existe ordem para sua execução”, registra.


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“Altíssima periculosidade”

O parecer do promotor tem como base relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, assinado no dia 5 de abril. O documento descreve Vida Loka como um preso de “altíssima periculosidade”.

“No âmbito do Sistema Penitenciário Federal, dados indicam que Abel Pacheco de Andrade, juntamente com outros líderes do PCC, teriam emitido um ‘salve’ decretando a morte e exclusão de Marco Willians Herbas Camacho (Marcola) do Primeiro Comando da Capital, devido a uma ruptura na estrutura da cúpula do PCC”, diz.

“No entanto, dados recentes apontam também que Marcola, ao tomar conhecimento deste ‘salve’, teria determinado a exclusão de Abel da organização criminosa Primeiro Comando da Capital. Referida situação estaria ocasionando um ‘racha’ na orcrim [organização criminosa], havendo disputa de forças entre as principais lideranças do PCC”.

Ainda de acordo com o relatório, Abel é alvo de inquérito por supostamente ter cometido falta grave no sistema federal. Ele responde por “incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina”, “deixar de prestar obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se” e “praticar fato previsto como crime doloso”.

Racha no PCC

O racha no PCC é provocado por uma disputa de poder entre Marcola e antigos aliados que já fizeram parte da Sintonia Geral Final, a mais alta cúpula da facção criminosa. O chefão é acusado de ter atuado como “delator”.

Os dissidentes são Vida Loka, Roberto Soriano, o Tiriça, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho. Eles receberam apoio de pelo menos mais dois líderes históricos do PCC: Daniel Vinicius Canônico, o Cego, e Valdeci Alves dos Santos, de 52 anos, o Colorido.

Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, também teria se voltado contra Marcola, mas voltou atrás depois, segundo o promotor Lincoln Gakiya, considera o maior especialista de combate à facção.

O principal motivo do conflito, que já é considerado histórico, seria um diálogo gravado entre Marcola e policiais penais federais, na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). Na ocasião, o líder máximo do PCC afirma que Tiriça seria um “psicopata”.

A declaração foi usada por promotores durante o julgamento de Tiriça, que foi condenado a 31 anos e 6 meses de prisão, em 2023, por ser o mandante do assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo.

Quem é Vida Loka

Condenado a mais de 70 anos de prisão, Vida Loka é afilhado do próprio Marcola e fez parte da Sintonia Geral Final, a mais alta cúpula da facção criminosa, desde 2002 – ano em que o chefão ascendeu ao poder do PCC. Na facção, também é conhecido pelo vulgo de “General”.

Na sua ficha criminal, constam passagens por latrocínio, associação criminosa, tortura, roubo, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Foi acusado, ainda, de repassar os “salves” de Marcola e de gerenciar a célula do PCC responsável por levantar endereços de agentes públicos e dar ordens para atentados.

Vida Loka já rodou por quatro das cinco penitenciárias do sistema federal. Além de Brasília, ele já passou por Catanduvas (PR), Mossoró (RN) e Porto Velho (RO).

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