domingo, outubro 6, 2024
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Leite vegetal se populariza em cafeterias por pressão de clientes e empresas

Impulsionado pelo aumento da procura dos consumidores e pela pressão das empresas do setor, os leites vegetais, outrora restritos a estabelecimentos veganos, se tornaram itens quase onipresentes em cafeterias das principais cidades do país.

A alta fez as principais empresas do setor lançarem linhas específicas para o uso em cafeterias. Com isso, viram disparar o consumo nesses estabelecimentos. A Nude, uma das líderes no Brasil, diz ter servido em 2023 o equivalente a 4 milhões de xícaras de lattes.

Uma das razões para a popularização do ingrediente diz respeito a novos hábitos dos consumidores. Sobretudo entre os mais jovens, cresce o público que opta por produtos de origem vegetal –além dos que têm intolerância à lactose.

Houve ainda uma melhoria nas fórmulas dos produtos disponíveis no mercado. As versões da linha barista são desenvolvidas para não alterar tanto o sabor das bebidas e propiciar texturas cremosas –algo importante para fazer cappuccinos, por exemplo.

Veja na galeria abaixo quais são os leites vegetais mais comuns, entenda por que estão se popularizando e saiba os motivos pelos quais ainda custam caro:

Apesar disso, o crescimento da oferta dos leites vegetais não é tão orgânico assim. Há um componente de pressão da indústria. Pesquisas do setor indicam que as cafeterias são importantes portas de entrada do produto na vida dos consumidores. Muitas pessoas experimentam o ingrediente pela primeira vez nesses estabelecimentos.

Por isso, as grandes fabricantes fazem investidas cada vez maiores no mercado de cafeterias. Os principais eventos de café do Brasil sempre têm ao menos uma empresa de leite vegetal como patrocinadora. Nas grandes feiras, essas companhias marcam presença com estandes de destaque e com ativações atraentes, como distribuição gratuita de bebidas e até sorvetes.

Nas capitais e grandes cidades, é difícil encontrar alguma cafeteria de maior expressão que não tenha recebido visitas de representantes comerciais das fabricantes para convencer o estabelecimento a adotar o produto.

Algumas cafeterias ainda relutam em usar o produto. Outras tentam incluir no cardápio não como mero substituto do leite de vaca, mas sim como ingrediente para compor outras bebidas. É o caso da paulistana Pato Rei, que continua fazendo seus tradicionais cappuccinos com leite animal e usa a versão vegetal para bebidas como o Nude Brew, que consiste na infusão a frio do leite de aveia em café da variedade geisha, o que resulta em uma bebida encorpada e doce.

É exatamente o que defende Henrique Pin, barista da NotCo. “É preciso construir bebidas pensando no leite vegetal como ingrediente e não substituto, fazer harmonizações saborosas e incluir o leite vegetal junto ao cardápio, como incluímos todos os outros ingredientes e não como apenas uma observação no rodapé”, diz.

Um obstáculo para o crescimento ainda maior desse mercado é o preço. Isto porque a substituição do leite de vaca pela opção vegetal costuma ser feita apenas mediante o pagamento de um valor adicional, uma vez que o ingrediente é bem mais caro. Em geral, as cafeterias cobram de R$ 2 a R$ 5 a mais para fazer um cappuccino com leite vegetal.

No varejo, o litro chega a custar mais de R$ 20. As fabricantes costumam apontar três questões como principais responsáveis pelo preço elevado: tributação diferenciada, escala de produção reduzida e alta margem de lucro aplicada pelos revendedores.

Apesar disso, dizem esperar que o contínuo crescimento torne o produto mais competitivo. “Em comparação, o mercado alemão, por exemplo, por ser mais maduro, já atingiu um nível de escala de produção que viabiliza a competitividade de preço entre leite de aveia e leite de vacas”, diz Alex Soderberg, cofundadora da Naveia.

O mercado nacional ainda tem muita margem para crescer, segundo analistas. No Brasil, somente 2% dos leites consumidos são de origem vegetal. Essa proporção é até dez vezes maior em mercados em que há uma maior cultura de alimentos plant-based. Nos Estados Unidos, por exemplo, o segmento já responde por quase 20% de todos os leites consumidos.

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