terça-feira, outubro 8, 2024
Noticias

Guerra sem fim

Vladimir Putin inaugurou seu quinto mandato como presidente da Rússia com um pacote de surpresas. Na sexta (10), lançou ofensiva no norte da Ucrânia, mirando a região de Kharkiv, ao avançar sobre as defesas com velocidade inaudita desde o início do conflito em 2022.

Seu objetivo é ora insondável, se subjugar Kharkiv, uma missão difícil, ou criar um cordão sanitário para impedir lançamento de mísseis ucranianos contra o sul da Rússia.

Certo é que a ação drenou recursos humanos e materiais de Kiev em toda a linha de frente de 1.000 km e expôs áreas sob ataque a novos avanços. O pânico se espalhou, e o presidente Volodimir Zelenski teve de cancelar viagem ao exterior.

Os EUA despacharam seu secretário de Estado, Antony Blinken, para prometer apoio e armas que, por motivos paroquiais no Congresso americano, só foram liberadas em abril e ainda não chegaram.

Blinken foi além, sugerindo que o eventual emprego delas contra território russo, um tabu ocidental dado o risco de escalada, é decisão privativa do aliado

Em meio a esse cenário, Putin colocou na mesa carta ainda mais bombástica no domingo (12): promoveu a ministro da Defesa um economista keynesiano chamado Andrei Belousov, que o assessorou ao longo dos anos.

Ele ocupa agora o lugar de Serguei Choigu, que dirigia o órgão havia quase 12 anos e comandou a invasão do vizinho, mas fracassou em vencê-lo rapidamente. Ainda é incerto se Choigu, que foi para o posto de um aliado linha-dura de Putin no Conselho de Segurança do país, irá reter influência.

Já o presidente foi claro acerca do papel de Belousov. Nesta quarta (15), ao anunciar um gasto militar recorde no período pós-Guerra Fria, de 8,7% do PIB neste 2024, afirmou que “a relação entre canhão e manteiga deve ser integrada organicamente à estratégia geral de desenvolvimento do Estado russo”.

Ou seja, Putin quer uma economia militarizada por longo prazo, para o embate existencial com o Ocidente que já anunciou em outras ocasiões. Considerando o poderio nuclear do Kremlin e a possibilidade de choques imprevistos, trata-se de perspectiva temerária.

editoriais@grupofolha.com.br

source

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com