quarta-feira, outubro 9, 2024
Tecnologia

Dos ‘games’ ao campo: agro digital atrai novas empresas de tecnologia – Revista Globo Rural

Por Marcos Fantin — São Paulo

Em uma movimentação estratégica, a Avell, empresa brasileira de notebooks, chega ao setor do agronegócio depois de fazer seu nome no mercado de gamers. Os mesmos softwares de alta capacidade de processamento que suportam jogos pesados agora serão conectados a drones para gerar imagens e vídeos de alta resolução.

A empresa pretende ampliar em 20% sua produção de notebooks de alto desempenho no primeiro semestre deste ano, visando agricultores que operam drones em suas lavouras.

“É um mercado novo para nós. Os drones usam muitas imagens e exigem computadores que rodem isso com qualidade. Quando você faz o mapeamento de área são muitas filmagens pesadas que precisam ser tratadas em um software capacitado para isso”, disse Emerson Salomão, CEO da Avell, justificando a movimentação recente da empresa.

O principal mercado da Avell ainda é o mercado gamer, com 30% do faturamento anual. Os outros 70% são divididos em vários setores como odontologia, arquitetura, engenharia e foto e vídeo. Salomão garante que o agronegócio pode assumir um papel de protagonismo em pouco tempo nos negócios da companhia. “Em 2025, estimamos que o agro alcance entre 15% a 20% do nosso faturamento total”, estimou o executivo.

E essa virada de chave tem uma justificativa. Em abril do ano passado, a Associação Nacional de Aviação Civil (Anac) liberou os “drones classe 3”, destinados à aplicação em lavouras, para decolarem com um peso superior a 25 quilos. Com menos exigências, o Brasil deve pular de 2,5 mil drones agrícolas registrados para 90 mil até 2026, estima o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag). “É um salto gigantesco”, afirmou Salomão.

A empresa faturou R$ 158 milhões em 2023 e calcula chegar a R$ 200 milhões em 2024, com 5% de participação do agronegócio na receita já neste ano.

O monitoramento de lavouras brasileiras com o emprego de alta tecnologia e elevada capacidade computacional vem atraindo um interesse crescente de novos negócios e investidores tanto do Brasil quanto do exterior.

Também está apostando na área a canadense Farmers Edge. A empresa criou o aplicativo ‘FarmCommand’, que integra imagens de satélite, dados meteorológicos e análises baseadas em inteligência artificial (IA), e que foi listado entre os 30 melhores aplicativos para a agricultura mundial pelo Grupo de Agronegócios da Meister Media Worldwide (MMW).

A companhia está há sete anos no Brasil, onde está o foco de crescimento. Sua meta é “digitalizar” 8 milhões de hectares no país até 2030. Este patamar está hoje em 1 milhão de hectares — as principais culturas monitoradas hoje são soja, milho, algodão e cana. Apenas o aplicativo monitora em tempo real maquinários em lavouras de 300 produtores no Brasil.

Para atingir o objetivo, a empresa pretende aumentar as parcerias com empresas de telecomunicações, agroquímicas, tradings e de financiamento agrícola que possuem clientes propensos a adotar agricultura digital, afirmou Celso Macedo, vice-presidente da Farmers Edge para a América Latina.

“Nós transformamos dados em ações e ‘insights’ inteligentes”, afirmou. Segundo ele, agricultores atendidos no país elevaram sua produtividade em até 35% em duas safras por meio de tecnologias da empresa.

Segundo o executivo, o Brasil se tornou prioridade por ser um país essencialmente agrícola e com diversidade de culturas, enquanto os Estados Unidos e Canadá têm apenas um ciclo por ano.

A FarmersEdge presta serviços tanto para agricultores quanto para securitizadoras de safras. Seu portfólio de serviços inclui, além de imagens de satélite e telemetria de máquinas agrícolas, também uma gestora de emissão de carbono e 650 estações meteorológicas no Brasil (são cinco mil no mundo), e produtos com constante atualização. “O FarmCommand está na fase 90. Isso significa que são 90 versões atualizadas em 15 anos de funcionamento”, disse Macedo. Hoje, 80% dos agricultores que utilizam seus serviços estão no Cerrado. O Matopiba (área que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) tem se destacado.

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