Em novo livro, MBL rejeita liberalismo extremado e defende papel do Estado
Em obra que é uma espécie de prévia do programa do partido que está criando, o MBL (Movimento Brasil Livre) anuncia uma mudança de prioridades e tempera o liberalismo que sempre defendeu com a defesa de um papel indutor do Estado.
O movimento, surgido em 2014 durante os atos pelo impeachment da então presidente, Dilma Rousseff, defende agora a “rejeição a certo tipo de liberalismo quase primitivo, em cujas simplificações nós mesmos havíamos incorrido no passado”.
A nova orientação consta da primeira parte do recém-lançado “Livro Amarelo”, que pretende fazer um diagnóstico da situação do país em áreas como economia, segurança, saúde, educação, meio ambiente, defesa e cultura.
Até o final do ano que vem, quando se espera que fique pronto o novo partido Missão, que o movimento está criando, devem sair novos capítulos da obra.
O título é uma brincadeira com o Livro Vermelho, do chinês Mao Tse-tung, e o Livro Verde, do líbio Muammar Gaddafi, ambos ditadores de esquerda.
“Com o advento da tragédia chamada governo Bolsonaro, esse liberalismo tomou uma forma particularmente submissa e execrável, que sintetizamos em uma expressão, o guedismo”, diz o Livro Amarelo, numa referência ao ex-ministro da Economia Paulo Guedes.
O “guedismo” seria baseado na “ideia cômoda de que se você privatizar tudo e reduzir o Estado, todos os nossos problemas vão misteriosamente se dissipar”.
Para o MBL, “a ascensão da direita se revelou trágica e o retorno da esquerda parece nos condenar à estagnação permanente”.
O movimento agora enxerga um papel mais atuante do setor público no impulsionamento da economia.
Diz ter novas ideias sobre “a industrialização coordenada pelo Estado, o efeito do oligopólio bancário, financiamento da cultura, investimento em ciência e tecnologia e a importância da burocracia”.
Um foco especial deve ser na reindustrialização. “O ocaso da indústria brasileira significou não apenas uma grande perda em valores na composição do nosso PIB. É também a face da nossa perda de soberania e da nossa capacidade de sentar nas mesas com os grandes”, afirma o Livro.
O MBL neste momento recolhe assinaturas para criar o Missão a tempo da eleição presidencial de 2026, quando pretende ter candidato à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva.
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