domingo, outubro 6, 2024
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Paris não existe sem Notre-Dame

Aos 28 anos, quando fui fazer minha análise com Lacan, o filósofo Michel Serres, que eu havia conhecido na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, me disse que eu estava na cidade para escrever e a profecia foi se cumprindo. Porque em Paris a literatura está no ar. Isso eu também escrevi no “Paris Não Acaba Nunca”: “Paris é o cenário dos sonhos de vários escritores e dos personagens que deles nasceram, como o Rio de Janeiro o é dos sambistas e dos personagens que o Carnaval todo ano faz surgir”.

Paris foi o cenário de Victor Hugo. Quem esquece o corcunda de Notre-Dame? Quasímodo foi comparado pelo escritor a uma caricatura —cabeçorra, corcunda, coxas que pareciam foices e mãos monstruosas—, mas por sua devoção a Esmeralda, a cigana que dançava no adro da catedral, ele conta com a simpatia do leitor.

Mas Quasímodo não contava com a simpatia dos conterrâneos. Sobre ele, Victor Hugo escreveu: “Desde muito cedo sentiu, por parte dos homens, o escárnio, o espezinhamento e a rejeição. Só encontrou ódio ao seu redor. Como a catedral lhe bastasse, ele não olhava para os homens que o desprezavam. As figuras de santos, bispos, reis e mesmo as esculturas de monstros da catedral não o assustavam. Era com essas figuras, estátuas mudas, que Quasímodo se expandia e ficava horas a conversar”.

Paris é impensável sem Victor Hugo e sem a Notre-Dame, uma das mais antigas catedrais em estilo gótico. Sua construção começou no ano de 1163. Dedicada à Virgem Maria, Notre-Dame se situa na Île de la Cité . Trata-se de um monumento emblemático, também porque fica rodeada pelas águas do rio Sena… águas furta-cor.


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