terça-feira, outubro 8, 2024
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O papel da filantropia na adaptação climática

Nas últimas semanas, o Brasil foi palco de dois acontecimentos de grande expressão política e climática que não se comparam, mas se entrecruzam. O primeiro deles é a realização de reuniões técnicas e políticas no marco da presidência brasileira do G20.

O segundo diz respeito à maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, que levou à perda de mais de uma centena de vidas, danos na infraestrutura pública e privada e impactos econômicos de dimensões ainda desconhecidas.

Estamos testemunhando um esforço concentrado para endereçar soluções por parte de diferentes níveis de governo, organismos multilaterais, como o Novo Banco de Desenvolvimento, e organizações da sociedade civil. Também observamos a mobilização em massa da população em várias partes do Brasil.

E o que a filantropia tem a ver com isso? Ela é a prática de promover o bem-estar das pessoas e o bem público. Esse conceito amplo se torna mais concreto quando entendemos algumas das principais características de organizações filantrópicas.

Essas entidades têm capital financeiro flexível e capital sociopolítico junto a atores governamentais e são empresas ou organizações da sociedade civil que propõem caminhos para a solução de questões que fazem parte da agenda pública.

Como evidenciado pela crise no Rio Grande do Sul, a adaptação à mudança do clima é tema que demanda muito mais conhecimento prático e científico para avançar, além de engajamento social e político. A filantropia pode desempenhar papel crucial nesta tarefa.

Exemplo efetivo são os esforços imediatos de ajuda humanitária promovidos por associados ao Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) e à Rede Comuá, assim como a Coalizão de Filantropias pela Adaptação Climática, lançada na COP 28 em Dubai, da qual participam o Instituto Clima e Sociedade (ICS) e a Fundação Avina.

A coalizão foi criada para sensibilizar a população e mobilizar mais doações e ações de adaptação. Ela também se aproveita de outros ativos da filantropia, como a capacidade de fazer pontes entre setores e de apoiar a produção de conhecimento para tomada de decisão.

Não por acaso, um dos eixos transversais do Climate Solutions Forum será “resiliência e adaptação à mudança do clima e suas interfaces com as desigualdades e a agenda de desenvolvimento”. O encontro, liderado pela Plataforma Internacional de Filantropias (F20) em parceria com ICS, Gife, Fundação Avina e outros coletivos filantrópicos, ocorrerá no Rio de Janeiro em junho.

O tema está na ordem do dia dos debates da presidência brasileira do G20 e nas discussões sobre reforma dos bancos multilaterais e finanças climáticas.

Se conseguirmos demonstrar de forma contundente a urgência de uma sinalização política consistente e contínua de priorização da agenda de adaptação e resiliência climáticas, já terá sido um avanço enorme.

Para conseguirmos promover a transformação econômica e social que precisamos e tornar os países mais democráticos, equitativos e resilientes à mudança do clima, não podemos desperdiçar o potencial de contribuição da filantropia em apoiar transformações sistêmicas e multissetoriais.

A filantropia não tem mandato nem recursos para resolver todos os problemas, mas pode atuar como uma tecelã de redes, conhecimentos, recursos e vozes ao ligar os pontos entre quem pode oferecer ajuda e quem precisa dela, além de acelerar soluções.

Transformar boas ideias e compromissos em práticas requer ação, pressão e doação: três frentes para as quais a filantropia tem muito a contribuir.


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