terça-feira, outubro 8, 2024
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Surge uma frente internacional pela democracia

Washington e Brasília dividem um título assustador: as duas capitais foram alvo dos mais graves ataques internos à democracia em tempos recentes. O 6 de janeiro de 2021 e o 8 de janeiro de 2023 guardam muitas semelhanças. Agora, nasce um movimento internacional em defesa da civilização e dos valores democráticos. Congressistas dos dois países uniram esforços para envolver outros parlamentos e entidades contra o avanço global da extrema direita.

O primeiro passo foi dado no ano passado, em Brasília, com uma visita de membros da CPI do Capitólio aos integrantes da CPMI do 8 de Janeiro. Já no início de maio deste ano, uma comitiva brasileira foi a Washington num momento crucial, quando a extrema direita percorre vários países criando fantasias em relação ao Brasil, dizendo que vivemos numa ditadura, atacando o presidente Lula, o Supremo Tribunal Federal e o ministro Alexandre de Moraes. Abusaram de fake news sobre as urnas, tentaram explodir bombas em aeroporto, invadiram e depredaram os Três Poderes para dar um golpe e agora “clamam” por “liberdade de expressão” para encobrir as investigações e condenações iminentes por tantos crimes cometidos.

Integrei a comitiva, suprapartidária, ao lado da senadora Eliziane Gama (PSD), relatora da CPMI, do senador Humberto Costa e dos deputados Rogério Correia (ambos do PT), Pastor Henrique Vieira (PSOL) e Rafael Brito (MDB). Os resultados são animadores. Com o senador Bernie Sanders, importante voz progressista nos EUA, compartilhamos preocupações com a articulação extremista. Na OEA, ficou a indicação da criação de um grupo de trabalho permanente de acompanhamento de crimes contra a democracia. E a Comissão Interamericana de Direitos Humanos se dispôs a vir ao Brasil para ouvir STF, Parlamento e sociedade civil sobre essas violações.

Também tivemos uma reunião importante com Jamie Raskin, deputado da CPI que investigou a invasão do Capitólio e liderou o segundo processo de impeachment contra Donald Trump. Elaboramos uma carta conjunta em defesa da democracia, aberta a parlamentares de todo o mundo. Nossa missão é estreitar contatos com diversos países, fomentar e construir esse movimento internacional.

Bolsonaro está inelegível até 2030, mas o Brasil, que terá eleições municipais neste ano, não se livrou da ameaça antidemocrática. Já Trump, um dos principais líderes do neofascismo global, disputa com chances as eleições dos EUA em novembro. Outros 56 países tiveram ou terão pleitos eleitorais em 2024 e estão na mira dos extremistas, que se reuniram na Hungria no fim de abril para “alinhamento estratégico”.

Sim, tramam abertamente como interferir nos processos democráticos. O método é o mesmo em todo o mundo: desinformação, fake news e discursos de ódio.

Foi contra esse cenário que assinamos a carta conjunta em Washington. Temos que destruir as narrativas mentirosas, impedir suas fake news com a regulação das redes sociais e dar a todo golpista o peso da Justiça. O Brasil tem trabalhado firme nisso e pode dar bons exemplos ao mundo. Resistiremos!

TENDÊNCIAS / DEBATES

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