domingo, setembro 22, 2024
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Recessão inevitável

O governo de Javier Milei teve sua primeira grande vitória no Congresso, que aprovou uma versão reduzida de sua Lei de Bases e um pacote fiscal. Tal conquista, que lhe permitirá promover reformas liberais, veio acompanhada de números que atestam uma inevitável recessão econômica.

O PIB do primeiro trimestre caiu 5,1% em relação ao mesmo período de 2023. Ante o trimestre anterior, a baixa foi de 2,6%, após retração de 2,5% no final do ano passado. Estima-se que o produto de 2024 caia entre 3% e 4%. No ano passado, o recuo foi de 1,6%.

O baque na atividade produtiva e na renda é consequência necessária dos duros ajustes promovidos para enfrentar —com sucesso, até aqui— uma inflação descontrolada legada pelo antecessor.

Depois de atingir 25,5% em dezembro, a alta de preços vem se desacelerando. Em maio, o índice foi de 4,2%, menor cifra em mais de dois anos —desde que, em janeiro de 2022, foram registrados 3,9%.

A queda da atividade foi causada pela retração do consumo e do investimento, em razão de cortes profundos de gastos e incerteza quanto aos planos de Milei.

O dispêndio com previdência baixou mais de 24% em um ano (considerado o trimestre encerrado em maio); com servidores, mais de 17%; em obras, acima de 80%. Assim, a Casa Rosada conseguiu um superávit primário (excluídos gastos com juros da dívida) de 1% do PIB neste ano, até maio.

Os resultados são positivos, mas baseados em represamento de despesas de difícil sustentação.

A valorização do câmbio tende a dificultar exportações e entrada de capitais, cruciais para o pagamento da dívida argentina e a estabilização da moeda. Outra desvalorização do peso, porém, pode provocar novo repique inflacionário.

A situação das reservas do Banco Central melhorou, mas, em termos líquidos, o saldo é zero. Ainda é preciso eliminar controles de capitais e as múltiplas taxas de câmbio, além de tentar desenvolver um mercado para a dívida do governo.

O fôlego da terapia de choque de Milei parece associado ao desalento dos argentinos, que há anos veem sua economia se degradar.

editoriais@grupofolha.com.br

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