Festas juninas antenadas com seu tempo
Com origem na França, no século 17, as quadrilhas de festas juninas eram celebrações da nobreza europeia. Chegam ao Brasil trazidas por portugueses e franceses e com o passar do tempo vão incorporando elemento da cultura brasileira.
Na região Norte, essas festas têm se mostrado a cada ano mais elaboradas e já abordam discussões importantes da sociedade, como a questão do clima.
Na Amazônia, as festas juninas também celebram o São João, o São Pedro e o Santo Antônio e com o diferencial de introduzir figuras locais, como o seringueiro e os indígenas.
Os moradores do condomínio popular Orgulho do Madeira, em Porto Velho (RO), resolveram inovar e, no arraial deste ano, intitulado Flor do Maracujá, colocaram os debates climático e indígena no centro dos festejos. Preocupados, eles levaram essas questões à arena de apresentação, buscando suscitar a reflexão nos brincantes e nos políticos locais.
Neste ano, a quadrilha Nova Junina do Orgulho tem a emergência climática como tema central de sua apresentação, com o título “Txai Suruí– A Guerreira Rondoniense que Ganhou o Mundo”. Senti-me muito honrada com a homenagem.
O espetáculo propõe inovar, trazendo a luta do povo indígena paiter suruí para manter a floresta em pé em prol do equilíbrio climático.
Essas mudanças levadas às festas buscam expor o que acontece com os guardiões da floresta e seus defensores.
Ressignificam figuras como Lampião e Maria Bonita, que passam a ser colocados na história como defensores do meio ambiente e cuja missão é a proteção da floresta e a resistência contra a invasão de seus territórios.
O juiz e o escrivão, este simbolizado pelo secretário-geral da ONU, agora são os que promovem a justiça ambiental.
O casal de velhos passa a ser o representante da luta pelo equilíbrio climático, defensor da natureza.
Txai Suruí é a resistência e a voz que mundialmente clama por justiça climática, trazendo um apelo ao mundo todo para que haja uma cooperação global para enfrentar as emergências climáticas, promovendo ações de mitigação e recuperação de áreas degradadas pelo homem.
São muitas as mudanças nos personagens que tradicionalmente fortaleciam sempre a figura do colonizador. Eles passam agora a ter o olhar das comunidades, dos que lutam pela preservação da floresta, dos que defendem os direitos humanos.
Aqui no estado de Rondônia, a celebração Nova Junina do Orgulho traz um novo fazer na forma de contar a história dos povos indígenas e a luta pela defesa do clima.
LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.