domingo, outubro 6, 2024
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Paris não brilha da mesma forma que Nova York

Nova York brilha de uma maneira e Paris de outra. No livro “Dias tranquilos em Clichy”, Henry Miller diferencia uma da outra: “Broadway é a velocidade, a vertigem, o maravilhamento, e nenhum lugar onde a gente possa se sentar. Montmartre é indolente, preguiçosa, indiferente, meio-pobre e sórdida; mais sedutora do que vistosa, ela não cintila à maneira da Broadway, porém luz como a brasa sobre a cinza”

Me radiquei em Paris para me formar, no ano de 1974, e fiquei até 1978. Voltei a me radicar em 1989 e, cinco anos depois, passei a escrever as crônicas que foram reunidas no livro “Paris não acaba nunca”, título inspirado no último capítulo do livro de Hemingway, “Paris é uma festa”. O capítulo em questão se chama “Paris não tem fim”.

Na época, eu podia andar despreocupada pela cidade, flanar para depois escrever sobre o que tinha me surpreendido. Noutras palavras, me deixava guiar primeiro pela errância e pela surpresa.

Só bem depois eu li “Pé na estrada” de Jacques Kerouac e me dei conta de que o meu método havia sido o dele. Kerouac viajou com Neal Cassidy pelos Estados Unidos durante sete anos, percorrendo a rota que vai de leste a oeste, Nova York a São Francisco; errou primeiro pelo país e depois pela língua, deixando-se levar pelas palavras. Graças à viagem, descobriu uma forma completamente livre de narrar. Normal que o título da obra que o consagrou seja “Pé na estrada”.


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