Contra o HPV
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou a inclusão de pessoas de 15 a 45 anos que usam profilaxia pré-exposição (PrEP) —tratamento medicamentoso eficaz na prevenção de infecção pelo HIV, usado por grupos de risco— no calendário vacinal contra o HPV.
A medida, bem-vinda, busca ampliar a imunização contra o HPV e fortalecer a política de combate a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e cânceres correlatos.
Em abril, a pasta também instituiu a dose única da vacina contra HPV para pessoas de até 19 anos e aquelas de qualquer idade com papilomatose respiratória recorrente.
Até então, jovens de 9 a 14 anos e vítimas de violência sexual de 9 a 45 anos recebiam duas doses, e pessoas de 9 a 45 anos com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos recebiam três.
Não se trata de uma questão menor. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que um terço dos homens seja portador do HPV, em estudo com dados de 35 países entre os anos de 1995 e 2022.
Outro fator relevante é o abandonado do uso de preservativos entre jovens de 15 a 24 anos. No Brasil, a taxa despencou de 47% em 2017 para 22% em 2019, segundo o Ministério da Saúde.
Dados da pasta mostram que o HPV atinge 54,4% das mulheres e 41,6% dos homens que já iniciaram a vida sexual. E a cobertura vacinal está longe da meta de 80%. Em 2022, 75,9% das meninas entre 9 e 14 anos receberam a primeira dose, e 57,4%, a segunda. Já entre os meninos, só 52,3% e 36,6%. A adoção da dose única pode ajudar a melhorar tal cenário.
Mesmo que o uso de preservativo seja o meio ideal de prevenção, estratégias combinadas podem contribuir para a queda de ISTs, como o HPV, em alta hoje no Brasil. Considerando os números entre os mais jovens, a educação sexual também é necessária.
Evidências, conscientização, vacinas e tratamentos são os maiores aliados para lidar com doenças envoltas em tabus moralistas, como as sexualmente transmissíveis.