domingo, outubro 6, 2024
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Café, o patinho feio do restaurante chic

Chego a um restaurante de São Paulo entre os mais conceituados do Brasil, que coleciona prêmios e altas colocações em rankings internacionais.

“Gostaria de ver nossa carta de bebidas, senhor?”

Claro.

Eis o livro. A tal carta de bebidas tem mais de dez páginas. Centenas de vinhos, drinks com e sem álcool, sucos e até diferentes marcas de água. Nada de café.

Chego ao fim da refeição e pergunto se não há café. Há, claro. Só não sei porque não é digno de sequer constar na carta de bebidas.

Questiono então qual é o café. E aí parece que fiz uma pergunta de outro planeta —como ocorre em todos os restaurantes que frequento.

Sempre que levanto essa questão, o atendente tenta disfarçar uma expressão de confusão mental, que lembra o famoso meme da personagem Nazaré Tedesco, da novela Senhora do Destino.

Em seguida, o garçom reage de uma das seguintes maneiras:

1. gagueja, hesita e diz algo genérico, como “é um expresso”;

2. devolve a pergunta, na linha do “como assim, qual café?” ou “você quer saber a marca?”;

3. o mais sincero de todos: diz que não sabe e que vai checar (e aí começa a caçar algum indivíduo na equipe que saiba qualquer coisa sobre o café, porque o lunático da mesa 6 tá perguntando)

Independentemente da resposta, costumo pedir o café. Faz parte do trabalho. Quase sempre é uma tragédia. Seja porque o grão é ruim, seja porque é mal extraído, a bebida normalmente decepciona. Ainda assim, sigo aceitando.

No tal restaurante estrelado que menciono no início deste texto, aquele com a carta-livro de bebidas, o grão até era bom, mas a extração era desajustada, o que resultava em um espresso bagunçado.

A equipe, atenciosa e simpática, ao menos deixa um bombom na mesa. “Cortesia da casa”. Ainda bem. Ajudou a descer o café.

Agora entendi porque não é digno nem de ser mencionado no cardápio.

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