domingo, outubro 6, 2024
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Motorista de Porsche disse que estava a 70 km/h quando matou motoboy

São Paulo — O motorista do Porsche Igor Ferreira Saucedo, que atropelou e matou o motoboy Pedro Kaique Ventura, disse à polícia que estava a aproximadamente 70 km/h no momento da colisão, que, segundo ele, foi acidental.

Para a equipe de investigação, no entanto, a narrativa não é compatível com a realidade. “As duas versões são totalmente contraditórias às imagens que nós apuramos. Ele conta uma história que não bate com a velocidade que aparece nas imagens nem com a posição que a moto inicialmente estava”, disse o delegado Edilzo Correia de Lima em entrevista coletiva nessa segunda-feira (29/7).

Saucedo foi preso em flagrante por homicídio doloso com dolo eventual. Ele aguarda pela audiência de custódia, em que o juiz vai decidir se ele continuará preso ou responderá em liberdade.

Depoimentos de Sauceda

O empresário foi ouvido duas vezes, por dois delegados diferentes, com um intervalo de aproximadamente 10 horas de diferença. No primeiro depoimento, prestado durante a madrugada no plantão do 11º Distrito Policial, a polícia ainda não havia tido acesso às imagens de câmeras de monitoramento que mostram o Porsche em alta velocidade perseguindo a motocicleta.

Nas duas versões, às quais o Metrópoles teve acesso, Igor Ferreira Sauceda diz que não teve a intenção de atingir o motociclista. Ele afirma ter acessado a faixa central da Avenida Interlagos quando, “inesperadamente”, um motoqueiro “passou por sua lateral esquerda e quebrou seu retrovisor”, diz o termo de transcrição do depoimento.

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Porsche perseguiu moto em alta velocidade por cerca de 2 km

Reprodução/Câmeras de segurança

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Motorista de Porsche chega à delegacia

Renan Porto/Metrópoles

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Igor Ferreira Sauceda conduzia Porsche em alta velocidade

Renan Porto/Metrópoles

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Perseguição durou cerca de 2km

Reprodução/ Câmera de Segurança

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Pedro Kaique deixa um filho de 3 anos

Reprodução/ Câmera de Segurança

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Pai disse que filho foi atropelado de forma intencional

Reprodução/Câmera de segurança

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O atropelamento teria ocorrido após uma briga no trânsito

Reprodução/ Câmera de Segurança

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Durante a discussão, Pedro Kaique teria quebrado o retrovisor do Porsche

Reprodução/ Câmera de Segurança

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O motorista do Porsche fez o teste do bafômetro que, segundo o advogado da vítima, não indicou a presença de álcool no sangue

Reprodução/ Câmera de Segurança

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Porsche acertou a traseira da moto de Pedro Kaique

Reprodução/ Câmera de Segurança

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Caso foi registrado no 11º Distrito Policial de São Paulo

Reprodução/ Câmera de Segurança

Sauceda disse que não conseguiu “identificar o emplacamento e demais características, pois as luzes do motociclo estavam desligadas”.

Segundo ele, quando estava em uma velocidade entre 60 e 70 km/h, a moto “abruptamente” mudou de faixa, saindo da esquerda para a direita. O empresário afirma que torceu o volante bruscamente, mas não conseguiu impedir a colisão.

No segundo depoimento, no 48º Distrito Policial, onde o inquérito foi instaurado, Igor Sauceda fez pequenas alterações na dinâmica dos fatos. Quando a oitiva ocorreu, por volta das 14h, a polícia já estava em posse das imagens do acidente.

O empresário incluiu a informação de que o desentendimento com o motociclista teve início na altura do Autódromo de Interlagos, a cerca de 3 km do local da batida. Para a equipe de investigação, isso indica que houve uma perseguição. Questionado pelo delegado Edilzo Correia de Lima, do 48º DP, Saucedo negou que tenha tido um “ataque de fúria”.

Assista ao vídeo do acidente:

 

Dolo eventual

Inicialmente, o caso havia sido registrado como homicídio culposo pela delegada plantonista do 11º DP. No entanto, após analisar imagens de câmeras de monitoramento, o delegado Edilzo Lima mudou a tipificação e incluiu a qualificadora de motivo fútil ou torpe.

“Trata-se de dolo eventual. Foi um momento de fúria. Embora não esteja constatado que ele bebeu. Não estava sob efeito de substância análoga, tudo indica que ele teve um momento de fúria ao perseguir o motoqueiro após o motoqueiro derrubar o retrovisor dele”, disse Lima em entrevista.

Questionado se não caberia o indiciamento por dolo direto, quando há intenção de matar, o delegado descartou a possibilidade, dizendo apenas que Igor “assumiu o risco do resultado”. “Ele assumiu o risco de qualquer coisa, tanto de lesionar quanto de matar”, justificou.

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