domingo, outubro 6, 2024
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Como o investimento de impacto pode transformar o país

Você é pessimista, otimista ou realista? Se for pessimista, a má notícia é que metade dos family offices brasileiros ainda desconsidera a possibilidade de fazer investimentos de impacto –aqueles que buscam gerar resultados socioambientais positivos e retorno financeiro, nessa ordem ou na inversa.

Por outro lado, a visão otimista aponta que só falta convencer a outra metade. Já o realista diria: há boa disposição para o investimento de impacto, mas ainda há necessidade de aumentar o convencimento e a alocação.

As três visões estão presentes na pesquisa “Famílias de Alto Patrimônio no Brasil – Investimento de Impacto e Filantropia”, realizada pela Sitawi Finanças do Bem, com apoio do Instituto Beja, junto a 28 representantes de famílias e single family offices, multi-family offices, conselheiros e outros assessores não financeiros.

Todos trabalham com carteiras ou patrimônio que variam de R$ 50 milhões a mais de R$ 1 bilhão. Esse perfil corresponde a cerca de 40 mil famílias brasileiras que, juntas, somam quase um um terço do PIB (Produto Interno Bruto).

De acordo com a pesquisa, 52% dos representantes familiares já realizam investimentos de impacto ou consideram essa possibilidade. Entre todos os entrevistados, 61% afirmaram conhecer bem o tema e que usam este conhecimento em suas decisões de investimento.

A pergunta que fica é: se há conhecimento sobre o tema, por que investimentos em atividades que contemplam preocupações socioambientais não aparecem com maior intensidade nessas carteiras de investimentos?

A pesquisa aponta que esses investidores consideram difícil avaliar o real impacto social ou ambiental do investimento. O temor indicado é o de ter seus recursos associados ao greenwashing ou socialwashing (quando investimentos não são direcionados de fato a projetos sociais ou ambientais).

Apesar de ser uma ponderação legítima, ela deve ser relativizada. Famílias representadas trabalham com boas consultorias de investimentos, com expressiva capacidade de análise, além de possuírem alta flexibilidade para experimentação.

Outra justificativa aponta a dificuldade em identificar oportunidades de impacto compatíveis com as diretrizes de investimento, tanto sobre risco quanto retorno.

O estudo indica que, entre gestores familiares que já investem considerando aspectos socioambientais, a maioria (71%) busca priorizar o desempenho financeiro. Entre esses, 86% esperam obter resultados iguais ou até acima dos obtidos em investimentos tradicionais.

Aqui não se trata de tirar a legitimidade de quem investe com o objetivo de lucrar. Entretanto, realizar investimentos de impacto esperando taxas iguais ou superiores aos dos investimentos tradicionais naturalmente implica uma menor priorização da transformação pretendida.

Talvez dedicar tempo para uma reflexão mais profunda sobre o papel de cada instrumento financeiro dentro do portfólio das famílias seja o caminho para alocações de investimento com maior impacto.

Acreditamos que, se em vez dos gestores familiares perguntarem “qual o perfil de alocação ideal no caso da minha família?”, eles passarem a perguntar “qual o perfil de alocação ideal no caso da minha família para contribuir para um país mais justo e sustentável?”, a alocação de recursos ganhará outros rumos, muito mais promissores à sociedade e ao futuro do planeta.


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