domingo, outubro 6, 2024
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Um mercado, uma cidade ou uma nação não são uma família

Os progressistas e os comunistas querem que o Estado substitua a família por instituições. Os conservadores e os fascistas querem que o Estado fortaleça a família como instituição. Ambos querem atingir seus objetivos por meio da coerção.

Os verdadeiros liberais querem deixar a família em paz.

A família, evidentemente, é essencial para a vida humana —assim como outros microgrupos, como os amigos íntimos, ou os irmãos em armas, ou os círculos de gentileza e de respeito no trabalho, ou mesmo o nosso cuidado normal para não esbarrarmos uns nos outros quando estamos andando por uma calçada.

Para que o mundo funcione bem, adultos éticos formados na família são necessários —e até suficientes. Os seres humanos não são máquinas de autosserviço, mas, acima de tudo, mamíferos falantes.

Eles falam, falam e falam com suas famílias, com seus amigos e com seus colegas, cooperando diretamente. Sabemos disso, é claro, pela vida e pela literatura, embora a ciência de como exatamente a família funciona —ou como ela deixa de funcionar— não esteja de forma alguma concluída e encerrada.

Mas a família é um modelo excepcionalmente pobre da sociedade maior, o enorme meso e macro-organismo de cooperação indireta, e não muito distante, em que um preço assume o lugar de uma promessa.

Um mercado, uma cidade ou uma nação não são uma família. Considerá-los “famílias” —subordinando seus padrões espontâneos a um mito de relacionamento pessoal— leva ao autoritarismo.

O mesmo acontece com o mito correlato do gerencialismo, o mito de que um economista magistral, digamos, pode facilmente erradicar as ordens espontâneas.

Mesmo a forma mais delicada de família-e-gerência, não o fascismo ou o comunismo, ou seja, a social-democracia e a regulamentação, reprime as virtudes da família. Isso acontece mesmo quando tentamos corrigir os vícios familiares. O Estado maternal assume a criação dos filhos, e o Estado paternal assume a gestão dos adultos. O estado-como-pai, ou o economista como rei, reduz os cidadãos a filhos —a filhos maus ou tristes, dependendo da perspectiva política.

Vamos manter a família liberal, uma inovação central do mundo moderno. Não precisamos voltar para a família individual autoritária, ou avançar para a “família” coletiva autoritária.

Nossos amigos conservadores e progressistas estão enganados sobre esses pontos.

Vamos ter uma república liberal, povoada pela família liberal. Se pudermos mantê-la.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves


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