domingo, outubro 6, 2024
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Avião da VoePass bateu cauda em pouso na Bahia 5 meses antes de queda

São Paulo — O ATR72 da VoePass, avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, na sexta-feira (9/8), sofreu danos estruturais ao bater a cauda na pista durante um pouso em Salvador em março deste ano. A aeronave também registrava problemas com o ar condicionado e tinha consertos pendentes.

De acordo com um relatório de inspeção obtido pelo jornal O  Globo, no dia 11 de março deste ano, a aeronave estava voando de Recife em direção à capital baiana, quando sofreu um “tailstrike” — termo técnico usado na aviação para quando o avião bate com a cauda na pista.

A aeronave foi enviada para manutenção e só voltou ao serviço comercial quatro meses depois, em 9 de julho. Poucos tempo após a liberação, contudo, a aeronave ainda teve um problema de despressurização durante um voo entre Ribeirão Preto e Guarulhos, retornando às oficinas. Ela voltaria a operar comercialmente alguns dias depois, em 13 de julho.

Ainda não está claro se a batida no aeroporto de Salvador está relacionada com o acidente em Vinhedo, mas essa é uma das hipóteses em investigação. Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (11/8), o comandante Ruy Guardiola, pioneiro no uso do ATR no Brasil, destacou a necessidade de investigar se as correções realizadas pela VoePass foram suficientes para resolver os problemas decorrentes do tailstrike.

Guardiola também mencionou um episódio em que um problema no botão que aciona o sistema antigelo foi temporariamente resolvido com um improviso: “A solução encontrada pela manutenção foi a colocação de um palito de fósforo, ou sei lá, um palito de dente. Eu vi com esses olhos que a terra há de comer”, afirmou ao Fantástico. Uma falha no sistema anticongelamento é uma das hipóteses consideradas para explicar a queda, que resultou na morte de 62 pessoas.

Além dos problemas de manutenção, existe a possibilidade de o acidente ter sido causado por formação de gelo nas asas, uma hipótese sustentada pelos boletins meteorológicos do dia e pelo histórico de um acidente similar nos Estados Unidos há 30 anos.

Em relação ao ar condicionado, a VoePass informou que o avião estava “aeronavegável” e cumpria todos os requisitos exigidos pelas autoridades.

O que se sabe sobre a queda

O avião de prefixo PS-VPB havia saído de Cascavel, no Paraná, às 11h46, com destino ao Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e chegada prevista para às 13h50. Aquela era a quarta viagem do dia da aeronave turboélice modelo ATR-72, com 73 assentos. Dentro dela, havia 58 passageiros e 4 tripulantes. Nenhum deles sobreviveu. Por sorte, ninguém em solo foi atingido pelo avião, que caiu no quintal de uma casa.

Tanto as autoridades quanto a companhia aérea VoePass, antiga Passaredo, e especialistas ouvidos pelo Metrópoles afirmam ser prematuro apontar a causa do acidente, embora a principal suspeita até o momento seja a formação de gelo nas asas da aeronave. A empresa admitiu que o modelo é “sensível ao gelo” e que esse é um “ponto de partida” para as investigações.

Segundo o diretor de Operações da VoePass, Marcel Moura, o avião havia passado por uma revisão técnica de rotina na madrugada anterior, em Ribeirão Preto, onde fica a sede da empresa. Ela estava “100% despachada, de acordo com os manuais e regulamento”, após a inspeção, disse Moura. Para a empresa, ela estava apta a voar.

A empresa afirma que a aeronave decolou do Paraná com todas as condições operacionais para cumprir a programação. Os últimos registros do voo mostram que, instantes antes da queda, o avião estava a 5.190 metros de altura.

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