domingo, outubro 6, 2024
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Tragédia em SP: VoePass acumula reclamações e processos na Justiça

São Paulo — A VoePass, empresa responsável pelo avião que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, na sexta-feira (9/8), matando 62 pessoas, acumula pelo menos 150 processos na Justiça desde 2021 e quase 900 reclamações nos últimos 12 meses.

No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), tramitam pelo menos 150 processos contra a companhia aérea desde 2021, sendo a maioria referente a pedidos de indenização por danos morais.

No site Reclame Aqui, ferramenta utilizada pelos consumidores para expor opiniões sobre a experiência com determinada empresa ou serviço, foram registradas quase 500 chamadas nos últimos seis meses e quase 900 nos últimos 12 meses. 

A empresa é classificada como “não recomendada” no site, e respondeu apenas 9,2% das reclamações feitas na plataforma nos últimos seis meses e 32,4% nos últimos 12.

Em relação à natureza dos problemas, 24,14% são por cancelamento de voo, 23,71% sobre qualidade do serviço prestado, 22,52% por reembolso, 16,59% por estorno do valor pago e 13,04% sobre atraso na decolagem.

Companhias aéreas concorrentes da VoePass têm melhor performance no ReclameAqui, considerando a Azul, Gol e Latam Airlines

A Azul, por exemplo, é a melhor avaliada das quatro companhias, classificada com a reputação “ótima” e nota 8,10/10. A empresa respondeu 99,8% das reclamações nos últimos seis meses.

Tanto a Gol quanto a Latam Airlines são avaliadas com reputação “boa” e notas similares, 7,9 e 7,7 respectivamente. A Gol tem 96,5% de reclamações respondidas e a Latam, 99,9%, ambas se considerados os últimos seis meses.

O avião da VoePass, antiga Passaredo, caiu dentro do condomínio Recanto Florido, em Vinhedo. A aeronave saiu de Cascavel, no Paraná, às 11h46, e tinha como destino o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Todos os 58 passageiros e 4 tripulantes morreram.

Procurada pelo Metrópoles, a VoePass afirmou em nota que “trabalha arduamente para atender às expectativas de seus clientes”.

“A empresa é solidária a eventuais queixas, que são consideradas para aprimorar a prestação de nossos serviços, e concentra o atendimento a elas em seus canais oficiais”, informa o comunicado.

Reclamações de calor

A jornalista e escritora Daniela Arbex revelou que voou no mesmo avião da companhia aérea VoePass um dia antes do acidente. Em um longo desabafo no Instagram, na sexta-feira (9/8), Daniela postou um vídeo onde pessoas passavam mal de calor dentro da aeronave, que estava com o ar condicionado desligado.

“Gente, por incrível que pareça, ontem eu voei pela terceira vez em um avião da Voepass. Filmei as pessoas passando mal durante o voo por causa do calor que fazia dentro da aeronave sem ar condicionado. Foi terrível. Um passageiro chegou a tirar a camisa. Outro, que estava uma poltrona a minha frente, sentia muita dor de cabeça. As pessoas se abanavam procurando ar”, iniciou.

“Eu estava no voo que saiu de Ribeirão Preto em direção a Guarulhos. Fiquei muito indignada, porque pela terceira vez a aeronave da companhia apresentava problemas tanto no trecho de SP quanto no da conexão pra Minas. Eu e outros passageiros questionamos a aeromoça. A resposta foi de que o ‘ar não funcionava em solo, só no ar’, o que não aconteceu. Da vez anterior, a desculpa é que o ar precisava de manutenção”, completou.

Daniela ainda contou que pediu ao contratante que comprasse passagem em outra companhia aérea para um evento no Paraná, evitando a Voepass: “Lamento profundamente pelas vidas perdidas hoje e percebo que corremos um risco real.”

“Estou profundamente impactada com essa tragédia”, finalizou a jornalista.

Acordo para quitar dívidas

VoePass firmou no mês passado um acordo com a Vibra, antiga BR Distribuidora, para pagar R$ 31,6 milhões em dívidas de combustível. Durante o processo, a empresa chegou a oferecer dois aviões, o que foi negado pela BR Distribuidora.

O acordo foi homologado pelo TJSP em 4 de julho deste ano. A ação foi movida em 2021 pela BR Distribuidora contra a Passaredo. As duas empresas mudaram de nome depois disso. Na época, a BR Distribuidora cobrava R$ 27 milhões por dívidas de combustível aéreo fornecido à Passaredo.

A BR Distribuidora afirmou que tentou “todos os meios de resolução amigável” antes de recorrer ao TJSP, e que a Passaredo descumpriu um contrato para quitar as dívidas. Em 2021, a VoePass ofereceu a penhora de dois aviões para tentar quitar a dívida. A BR rejeitou. Afirmou que os aviões só somariam R$ 6 milhões, cerca de um quinto da dívida total, e já tinham 14 anos de operação.

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