segunda-feira, outubro 7, 2024
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Consumidores brasileiros envelhecem, mas não fizemos lição de casa da mudança etária

A CDH (Comissão de Direitos Humanos) do Senado aprovou, de forma definitiva, atendimento prioritário de pessoas com mais de 80 anos dentre os idosos. O projeto de lei irá para avaliação e votação da Câmara dos Deputados. Se for aprovado naquela casa legislativa, será submetido à sanção presidencial, e as empresas de prestação de serviços — lojas, bancos, farmácias, padarias etc. — terão de se adaptar para oferecer prioridade dentro da prioridade.

A mudança na pirâmide etária brasileira justifica a transformação do conceito de prioridade para idosos. Até porque o aumento da idade média dos brasileiros veio para ficar. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que a população brasileira deverá aumentar até 2041, chegando a cerca de 220 milhões de habitantes, para depois começar a cair.


Entre 2000 e 2023, a proporção de idosos (60 anos ou mais) subiu de 8,7% para 15,6%. Em 2070, ainda segundo o IBGE, quase 38% dos brasileiros serão idosos.


O que fizemos, como sociedade, para nos adaptar a essa profunda transformação, de um país de jovens para um de pessoas mais velhas (idade média de 48,4 anos em 2070)? Pouco.

O Estatuto do Idoso é bom, mas muitos de seus artigos são propostas bem-intencionadas, que devem ser complementadas pela definição de programas, orçamento e responsáveis. Por exemplo, o 9º: “É obrigação do Estado garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade”.


Ok, mas como isso será feito, qual a verba necessária e de que ministério virá? Os golpes contra idosos vão contra essas condições de dignidade. Qual a política para evitar que isso ocorra?


Um dos maiores desafios para os mais velhos é cuidar da saúde. O SUS (Sistema Único de Saúde) atende a todos e a todas indistintamente. Mas os planos de saúde privados são bem mais caros para idosos. A última categoria etária para reajuste por idade é de 59 anos ou mais, e não pode ser maior do que seis vezes o valor da primeira faixa (0 a 18 anos).


Justamente quando a renda cai, porque os valores das aposentadorias também são fortemente impactados pelo eterno déficit público, os planos ficam muito mais caros, somente acessíveis para parte da classe média. E sempre surgem propostas de desvincular as pensões e as aposentadorias dos aumentos reais do salário mínimo.

Nós tivemos décadas para nos preparar para oferecer mais qualidade de vida para os idosos. Não fizemos a lição de casa. Agora, teremos de correr para que os mais velhos tenham uma vida mais digna, segura e confortável.


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