segunda-feira, outubro 7, 2024
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Livro mostra que os Murdoch da Fox são esquisitos como os Roy de 'Succession'

Muita gente assistiu à saga da família Roy, em “Succession“, pensando se tratar de uma versão cômica, impiedosa e um pouco exagerada da história real dos Murdoch, os bilionários donos da Fox News e do Wall Street Journal.

O único erro em pensar assim foi considerar que Jesse Armstrong, o criador da série, pesou a mão na caracterização de Logan Roy e de seus quatro filhos, Kendall, Roman, Shiv e Connor. Os Murdoch são tão esquisitos quanto os Roy.

Como se lê em “A Queda: o fim da Fox News e do império Murdoch”, o mais recente livro de Michael Wolff, há muito mais pontos de contato entre as duas famílias do que se poderia imaginar.

“Originalmente comprada como um drama sobre os Murdoch, ela [a série] foi repensada como um novelão maldoso, vingativo e cheio de traições, mostrando uma família ‘parecida’ com os Murdoch”, escreve o autor. “Com a realidade imitando a arte que imitava a realidade, a série pareceu se tornar um agente poderoso para ajudar os Murdoch, sempre tensos, a expressar totalmente em família sua inimizade e amargura.”

Com a venda da 21st Century Fox para a Disney, em 2017, Murdoch renunciou aos ativos no campo do entretenimento e concentrou seus negócios de mídia em duas grandes empresas. Uma é a News Corp, que reúne o Wall Street Journal, a editora HarperCollins e o tabloide inglês The Sun, entre outros. A outra é a Fox, que agrupa os canais de TV, em especial a Fox News, e uma plataforma de streaming.

Em setembro do ano passado, após a conclusão do livro de Wolff, Murdoch anunciou sua aposentadoria e confirmou que o filho mais velho, Lachlan, ficará à frente das duas empresas. Mas isso pode mudar se os outros três irmãos se unirem. James, que está há anos sem falar com Lachlan, sonha transformar a Fox num canal “do bem”. Prudence e Elizabeth, também com poder de voto na empresa, são uma incógnita.

Autor de uma biografia de Rupert Murdoch, “O Dono da Mídia”, publicada em 2009, e de um livro devastador sobre o primeiro ano do governo Trump, “Fogo e Fúria”, Wolff se propôs a descrever em “A Queda” os caóticos bastidores do negócio familiar.

O autor reconhece o terrível impacto sobre a democracia causado pela Fox News nos últimos dez anos —a difusão de mentiras, a propagação de teorias da conspiração e a ajuda decisiva do principal canal de notícias dos EUA à eleição de Trump, em 2016. Mas esse não é o foco do livro.

Raramente citando suas fontes, Wolff descreve em detalhes, e interpreta com tiques de psicólogo, situações que mostram a complicada relação de Murdoch com seus filhos, seus assessores e suas ex-mulheres.

Explica como a Fox News se tornou a principal fonte de informação da direita e da extrema direita americana. E tenta apresentar as razões que levaram as empresas da família a enfrentarem uma situação de incerteza e, em alguns casos, de ausência de comando.

Na visão de Wolff, a Fox News se tornou a potência que é graças à visão de Roger Ailes (1940-2017), CEO do canal entre 1996 e 2016, quando foi demitido sob acusação de abuso sexual contra uma apresentadora. A série “The Loudest Voice” e o filme “O Escândalo” dão uma boa ideia de como Ailes criou um ambiente tóxico e machista no canal.

A julgar pelo que insinua o enredo de “A Queda”, a família Murdoch ainda vai oferecer bons argumentos para uma sonhada quinta temporada de “Succession”.


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