segunda-feira, outubro 7, 2024
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Afinal, qual é o problema de ser a tia dos gatos?

O candidato republicano à Vice-Presidência dos Estados Unidos, J. D. Vance, afirmou, em uma entrevista em 2021, que o país estava sendo destruído por “a bunch of childless cat ladies”. Ele disse que as “cat ladies”, incluindo Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, são infelizes com as suas próprias vidas e com as escolhas que fizeram e, por isso, querem tornar o resto do país infeliz também.

Muitas mulheres famosas reagiram indignadas à fala de Vance, como a atriz Whoopi Goldberg, de 68 anos:

“Senhor, há pessoas que optaram por não ter filhos por qualquer motivo… Há pessoas que querem ter filhos e não podem. Como o senhor se atreve?”.

A atriz Jennifer Aniston, de 55 anos, escreveu no seu Instagram:

“Eu realmente não consigo acreditar que isso venha de um possível vice-presidente dos Estados Unidos”.

Logo após o primeiro debate entre Trump e Kamala Harris, no dia 10 de setembro, a cantora Taylor Swift, de 34 anos, se identificou como “tia dos gatos”, em uma ironia aos comentários de Vance.

Nenhum outro animal, como o gato, definiu a sexualidade feminilidade sob a perspectiva masculina ocidental, de acordo com reportagem da BBC News Brasil (25/08/2024) intitulada “As raízes históricas da crítica machista à ‘tia dos gatos’”.

“Mulheres bonitas e atraentes são chamadas de ‘gatas’; e não é raro ouvir que são ‘felinas’ –sexualmente provocantes… O estereótipo da ‘tia dos gatos’ (ou cat lady, em inglês) é baseado na ‘solteirona’… Os gatos são independentes e, muitas vezes, inteligentes, coisas que no passado, se as pessoas estivessem tentando controlar as mulheres, não gostariam que elas fossem… O estereótipo da ‘tia dos gatos’ ajuda a rotular as mulheres que são vistas como inaceitáveis em termos das expectativas patriarcais da sociedade… As ‘tias dos gatos’ geralmente são mais velhas, solteiras e sem filhos, e a sociedade diz às mulheres que isso deve ser visto como um fracasso.”

Na semana passada, contei para uma amiga que estou pensando seriamente em adotar um gatinho. Na minha infância, meu gatinho Mimo foi o meu único refúgio em meio a uma família onde existia extrema violência física, verbal e psicológica. Eu só conseguia dormir com o Mimo aconchegado nos meus pés e, por isso, acho que um gatinho poderia ser o melhor remédio para as minhas torturantes noites de insônia.

“Mirian, quantas vezes eu te avisei que você iria se arrepender de não ter filhos? Quantas vezes eu disse que você estava sendo egoísta por escolher não ser mãe? Quantas vezes eu te aconselhei a adotar uma criança? Quantas vezes eu perguntei: ‘Quem vai cuidar de você na velhice? Você não tem medo de se arrepender no futuro? E se você tiver Alzheimer?’. Agora, depois de velha, você vem com essa ideia maluca? Você vai querer ficar uma velha cercada de gatos por todos os lados? Você já diz que é uma velha sem vergonha, vai ser também a velha dos gatos?”.

No dia 8 de março de 2023, Dia Internacional da Mulher, lancei o meu “Manifesto das Velhas Sem Vergonhas” no livro “A Arte de Gozar: amor, sexo e tesão na maturidade”. Agora, depois da conversa com a minha querida amiga da onça, estou pensando em escrever o “Manifesto das Velhas dos Gatos”.

O que vocês acham da minha ideia?

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