segunda-feira, outubro 7, 2024
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Cadeirada neles?

A cadeira que atingiu Pablo Marçal (PRTB) é, na verdade, uma banqueta, pesa 5,5 kg e custa R$ 400 no Pix. A cadeira que atingiu Marçal é, na verdade, uma armadilha. Passado o meme, resta a política: quais os sentidos imagéticos que uma cadeira voando na direção de Marçal transmitem? Faz-se necessário dissecá-la perna por perna, por assim dizer.

Eis a primeira perna: a patética fragilidade masculina. Em ritmo de quinta série do ensino fundamental, Marçal disse: “Você é um arregão. Atravessou o debate esses dias para me dar um tapa, que você queria ter feito. Você não é homem nem para fazer isso”. De todas as ofensas possíveis contra um homem com masculinidade frágil proferida por outro com as mesmas questões psicanalíticas, a pior delas é não ser “homem nem para fazer” algo.

O identitarismo masculino e branco é frágil demais: imagine quantas cadeiras teriam vontade de arremessar se vivessem um terço do que vivem pessoas negras, mulheres e LGBTQIA+ neste país. Como o sistema de meritocracia ao avesso premia pessoas como Marçal —93,8% dos conselhos de administração são brancos e 81,4% são homens, segundo estudo do Instituto Ethos desta quarta-feira (18)—, me espanta que não haja mais cadeiras voando por aí na Faria Lima.

Eis outras duas pernas: o sensacionalismo barato revestido de farsa. Logo após o debate, Marçal fez uso do pior da estética bolsonarista —a fatídica foto na cama de hospital. Esqueceu, no entanto, de esconder a pulseira verde, de baixo risco à saúde. Esta é a limonada que Marçal gostaria de extrair dessa situação ácida: martirizar-se. Não deve ser bem-sucedido: na pesquisa Quaest divulgada nesta quarta, oscilou para baixo, embora ainda dentro da margem de erro.

A quarta e última perna desta cadeira é a cortina de fumaça. Por trás da espetacularização da violência —um tanto risível neste caso, devo confessar—, lembremos que há pessoas concorrendo ao comando da maior metrópole da América Latina.

Datena e Marçal escondem em sua frágil masculinidade a falta de aptidão para o cargo. Não custa lembrar, isto não é uma cadeira: é inépcia.


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