segunda-feira, outubro 7, 2024
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Mais um assassinato em uma terra indígena já homologada

Caro brasileiro, venho trazer mais uma triste notícia para nós. Mais um jovem irmão indígena foi brutalmente assassinado em Mato Grosso do Sul. Na quarta (18), Neri da Silva, 23 anos, recebeu um tiro na cabeça durante ataque da Polícia Militar contra uma comunidade da Terra Indígena Ñanderu Marangatu, em Antônio João. Os indígenas filmaram a ação, que começou com um tiroteio por volta de 6h com a chegada do Batalhão de Choque.

A Ñanderu Marangatu é reconhecida como território tradicional e foi homologada em 2005 pelo presidente Lula, mas sua demarcação está paralisada nas mãos de Gilmar Mendes. Enquanto isso, ela continua ocupada pela família de Roseli Ruiz.

O ataque ocorreu um dia após a Aty Guasu, organização dos guarani-kaiowás, protocolar no Ministério da Justiça um pedido de providências urgentes diante da grave situação. Ao menos quatro indígenas já foram assassinados na luta pelo reconhecimento daquele território.

Mato Grosso do Sul tem sido palco de um cenário de racismo institucional, violência sistêmica e discriminação contra os povos indígenas, com inúmeros ataques orquestrados por fazendeiros e forças de segurança locais que se acirraram com a promulgação da Lei do Marco Temporal.

No STF, a invasora da área onde Neri foi assassinado é apresentada como “especialista” para a próxima audiência de conciliação sobre o Marco Temporal.

Você, brasileiro, sabia que seu país é o segundo na lista dos que mais mataram ambientalistas? E metade desses assassinados são indígenas. As organizações indígenas cobram medidas das instituições do Estado, mas são ignoradas.

O que acontece há décadas tem a anuência, quando não o apoio, de maus governos, nas diferentes esferas, que, para nos matar, se servem de suas forças policiais e das leis que eles próprios criam.

Claramente querem seguir com os megaprojetos —petróleo na Amazônia, pavimentação da BR-319, construção da Ferrogrão— mesmo diante do colapso climático. Falam em acabar com as queimadas, prometem uma autoridade climática, mas não garantem a demarcação dos territórios indígenas, o nosso direito à vida. O Congresso tem um plano para acabar de vez com os povos indígenas, tomar nossas terras, transformá-las em mercadoria e seguir com seus projetos de exploração.

São todos projetos de destruição, por mais que os interessados tentem esconder isso com mentiras, que busquem enganar com suas falsas preocupações, por mais que digam que é em favor de toda a população, enquanto multiplicam por mil os seus 30 milhões de apoiadores.

A verdade é que esses projetos de morte vão contra os povos originários, contra suas comunidades, suas terras, seus rios, seus animais, suas plantas. Isso porém afeta não só indígenas mas toda mulher, todo homem, toda criança, todo jovem, todo idoso, todo ser vivo que compartilha dessa grande casa.

O que se pretende chamar de “progresso” é uma mentira que protege a invasão e a propriedade privada e legitima nosso genocídio.

Quantos dos nossos caciques, líderes espirituais, guerreiros, guerreiras e guardiões da floresta foram assassinados em nome desse “progresso”?

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