segunda-feira, outubro 7, 2024
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Manifesto contra o 'fim do mundo'

O pessimismo climático está estampado em rostos, manchetes, relatos científicos: 6 dos 9 limites planetários —as fronteiras seguras para manter a estabilidade da Terra— foram rompidos. A ameaça de um aquecimento de 2°C bate à porta. As consequências? Secas implacáveis, ecossistemas colapsando, milhões de vidas em risco. Tudo parece inevitável. Ou será que não?

Quem diz que a meta de limitar o aquecimento ao nível recomendado pelos cientistas é coisa de iludidos pode parecer pragmático, mas está, na verdade, abrindo caminho para o catastrofismo alienante. Tal discurso favorece a manutenção das causas do problema, alimentando uma profecia autorrealizável: apoia-se mais queima de petróleo e gás, porque “não adianta” fazer nada diferente; mas também nada que for feito vai adiantar, porque as causas estão turbinadas. Assim, o catastrofismo vira escudo: permite a alguns assistir ao colapso enquanto fingem ser realistas.

Esse “fim-do-mundismo” nos capturou. Mas pense nele então como um alarme de incêndio: acorda a todos e força a encarar a gravidade do momento. Não se fica parado olhando as chamas. O desespero vira movimento.

No caso da emergência climática, a ciência não pede que aceitemos a tragédia, mas que reajamos. Não porque ainda temos tempo, mas porque não há mais tempo a perder. Surge daí um otimismo teimoso, uma recusa a desistir antes de fazer tudo o que está ao nosso alcance. Estamos dispostos a lutar pelo que continua vivo?

No Pacífico, ouvi de Fiji e Samoa que eles não estão se afogando; estão lutando contra a ideia de que estão fadados a submergir ou migrar. No pantanal, quem tenta apagar o fogo e salvar animais está emergindo contra o ressecamento da maior área inundada do mundo. No Rio Grande do Sul, o divisionismo incomoda, mas não impede que gaúchos fortes avancem na reconstrução.

Muito obrigada a todos que não desistem dos recomeços. A boa notícia é que somos muitos. Teimamos em retomar o tempo, não correr contra ele.

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