domingo, outubro 6, 2024
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Técnicos recomendam horário de verão, assessores políticos de Lula resistem

Assessores políticos de Luiz Inácio Lula da Silva não estão animados com a ideia de decretar horário de verão para este ano. Para eles, o assunto subiu no telhado, tem inconveniências políticas e técnicas e não seria tão urgente, embora digam não ter ideia do que o presidente pretende decidir, até o fim do mês.

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) recomendou oficialmente que se adiante o relógio em uma hora, ainda neste ano, em reunião da cúpula da gestão do setor elétrico, nesta quinta-feira (19). O ONS é uma espécie de diretor nacional de tráfego da eletricidade: diz de onde sai a energia e para onde vai.

Na estimativa dos técnicos, a economia seria de R$ 400 milhões durante um horário de verão inteiro (outubro a fevereiro). Mas a poupança maior se dá em outubro (2,9% do consumo bruto total), caindo em novembro (2,5%), dezembro (1,4%) etc.

É quase impossível que a medida vigore em outubro. Haveria problema no planejamento das eleições e com as urnas eletrônicas. Bancos e empresas aéreas, por exemplo, precisariam fazer ajustes técnicos.

Isto posto, o horário de verão poderia começar no domingo 3 de novembro. Nos últimos 20 anos, o período começava entre 14 e 21 de outubro, afora em 2004, 2006 e 2018, quando começou em novembro. Quase em geral, terminava na terceira semana de fevereiro.

O objetivo do horário de verão é aumentar a folga do sistema. Isto é, aumentar a diferença entre oferta possível de eletricidade e o consumo no horário de pico do início da noite. Em decorrência, baixa-se um pouco o custo da eletricidade.

Atualmente, é preciso recorrer à energia bem mais cara e poluente das usinas termelétricas a fim de fornecer eletricidade com folga, com segurança bastante para não haver apagão acidental.

A folga possível tem diminuído por causa de mudanças no consumo, que cresceu, pela dependência cada vez maior de energia solar ou eólica e por restrições do uso de hidrelétricas.

Essa folga pode vir a ser mínima em anos secos, mais frequentes desde 2010. Já assistimos ao desastre climático ao vivo.

O país passa por uma seca, mas neste 2024 os lagos das usinas estão em níveis razoáveis. No início de setembro, a quantidade de água para se produzir energia nas hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste era a maior desde 2011, com exceção de 2023, o melhor deste século. Na reunião desta quinta, se disse que há perspectiva de chuva em breve para a amazônia, onde os rios e hidrelétricas estão desidratados.

Se houver seca de novo em 2025, porém, pode haver estresse, como em 2021, quando estivemos à beira do racionamento. É imprudência já não prever horário de verão para 2025. Melhor mesmo teria sido planejá-lo para este 2024, assunto que zanzava na cúpula do setor elétrico e no governo faz mais de dois meses.

Horário de verão causa transtornos físicos ou psicológicos para várias pessoas; outras ficam mais inseguras de sair para o trabalho ainda no escuro. Bares e restaurantes gostam da medida, pois tendem a faturar mais. É o sabido.

No entanto, pelo menos enquanto não se revisar o planejamento e o funcionamento do setor elétrico, inclusive com a adoção de baterias, vamos precisar de horários de verão. A questão de fundo é que planos de aumento de oferta de energia estão atrasados, é necessário reformar o sistema e a crise climática chegou.


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