domingo, outubro 6, 2024
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Movimento Influencers Étnicos compartilha Colômbia ancestral

Um grupo de jovens estudantes comprometidos com a visibilização e valorização cultural e social do lugar em que nasceram. Esses são os Influencers Étnicos, coletivo (ou “movimento”, como eles preferem definir) que vem mostrando didaticamente, em vídeos curtos nas redes sociais, a realidade dos “palenqueros” colombianos, para além de reducionismos e estereótipos.

“Palenques” na Colômbia designam comunidades fundadas pela população africana que chegou escravizada ao país —os nossos quilombos. E é de um palenque emblemático que esses influencers falam: da comunidade de San Basilio, primeiro bastião de liberdade negra durante a escravidão nas Américas —cujas origens remontam ao século 16— e o único que permanece de pé em território colombiano.

Criado por comunicadores e estudantes de direito, engenharia e contabilidade durante a pandemia de Covid-19, o grupo utiliza a noção de “influencer” não como a de alguém ávido por vender produtos, senão como a de indivíduos que desejam influenciar percepções com um fim comunitário: conscientizar sobre a relevância desse lugar e legado —declarado patrimônio oral e imaterial da humanidade pela Unesco.

A cerca de 50 km de Cartagena, San Basilio de Palenque —ou apenas Palenque, como costuma ser chamado por seus 4.000 habitantes— se apresenta familiar e infinito em sua tradução no universo virtual, sob os diversos olhares dos muitos participantes do coletivo.

O narrador comunitário Ashanty Lawhier, cofundador e coordenador do grupo, afirma à Folha que um dos principais impactos da iniciativa é mudar a forma “como nos narramos, porque Palenque é um território que historicamente foi narrado a partir do desconhecimento, por pessoas brancas. Então agora há jovens no território falando de Palanque a partir de nós mesmos”.

Presentes no Instagram, TikTok e Facebook, os Influencers Étnicos ensinam sobre tradições, história e gastronomia “palenqueras” e compartilham e comentam estatísticas das condições sociais da população negra colombiana (e também da diáspora africana pelo mundo).

De quebra, entrevistam personagens da comunidade e dão uma palhinha de expressões da língua local, como “Komo Kusa tá” (algo como “Como você vai”) ou “kuagros” (grupos compostos por pessoas de idades próximas e interesses afins, que são estruturas importantes nessa organização social).

A ação não se resume a conteúdos para internet: se estende a projetos sociais e de cinema comunitário. A partir dessa perspectiva interativa com o entorno é que Lawhier enfatiza a importância de “narrar” o palenque: “Narrar, em vez de simplesmente informar, sugere contar histórias por dentro, capturando as vozes, emoções e experiências das pessoas do território. Esse enfoque ressalta a importância de dar vida às experiências locais, fazendo com que as vozes da comunidade sejam ouvidas de forma autêntica e significativa”, reflete.


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