Prefeito de Macapá é alvo de operação da PF, reúne apoiadores e fala em perseguição
Atual prefeito de Macapá e candidato à reeleição com 86% de intenção de votos, segundo a última pesquisa Quaest, Antônio Furlan (MDB) foi alvo de ação da Polícia Federal nesta quinta-feira (19) dentro de sua casa.
Segundo os investigadores da operação, batizada de “Plattea”, há indícios de fraude na execução da obra de urbanização e paisagismo na orla da cidade. Em agosto, o empresário do ramo da construção civil Claudiano Monteiro de Oliveira acusou o secretário de Obras e Infraestrutura Urbana de Macapá, Cássio Cruz, de ter recebido propina.
A investigação mira repasse da União no valor de R$ 10,3 milhões destinado à obra. Segundo a PF, “após a aprovação dos boletins de medição no início das atividades, a empresa vencedora da licitação teria pago vantagens indevidas, em média 5% do valor a que tinha direito pelo serviço prestado, para servidores municipais”.
Ainda de acordo com os investigadores, há indícios de que, com o avanço da obra, os pagamentos de vantagens indevidas a servidores subiram para 20% do valor a ser recebido pela empresa em razão dos serviços prestados, em um total de mais de R$ 500 mil que podem ter sido pagos indevidamente.
O prefeito Furlan, em reposta à operação, convocou uma “grande reunião” na praça Jacy Barata, justamente onde foi feita a obra alvo da operação, e discursou para apoiadores. Horas antes, ele se pronunciou nas redes sociais e falou em perseguição política por parte da oposição.
“Chegamos à reta final de campanha e as práticas da velha política entraram em ação. Mas isso não vai tirar do nosso foco. A Prefeitura de Macapá sempre esteve à disposição dos órgãos de investigação e fiscalização para garantir a transparência dos fatos. Nós confiamos e acreditamos na Justiça. O desespero do outro lado não vai nos abalar”, disse Furlan.
No vídeo, o prefeito citou ainda outra operação da PF em sua casa, em meio à campanha eleitoral de 2022, quando sua esposa, Rayssa Furlan (MDB), concorreu a vaga do Senado em disputa direta com Davi Alcolumbre (União Brasil).
A primeira-dama, estreante em eleições na ocasião, obteve 174 mil votos —42,5% do total—, mas perdeu para Alcolumbre, que conseguiu 196 mil —47,9%.
Em nota, a Prefeitura de Macapá afirmou que acompanha a operação da PF e está à disposição para auxiliar as ações para garantir lisura dos atos públicos. O município disse ainda que já tinha rescindido o contrato com a empresa responsável pela obra na praça, que estava “abandonada” em gestões anteriores.
“Causa estranheza a ação da Polícia Federal, às vésperas da eleição municipal. A praça foi concluída e a Caixa Econômica Federal recebeu a obra, já que fiscalizou o processo de execução até a sua entrega durante essa gestão”, diz trecho da nota da prefeitura.
Antônio Furlan venceu as eleições de 2020, quando teve como principal concorrente Josiel Alcolumbre (União Brasil), irmão de Davi e suplente no cargo de senador. A votação ocorreu sob o impacto do apagão de 21 dias que afetou 13 dos 16 municípios do Amapá à época.
Josiel, na época, contou com apoio de Clécio Luís Vieira (Solidariedade), ex-prefeito de Macapá e atual governador do Amapá, e Waldez Góes, ex-governador e atual ministro de Integração e Desenvolvimento Regional, indicado no governo Lula por Alcolumbre.