segunda-feira, outubro 7, 2024
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Debate sem bate-boca tem Marçal em versão mansa e embates sobre propostas

Após uma sequência de debates marcados por trocas de ofensas, o programa organizado pelo SBT, Terra e Novabrasil com os candidatos à Prefeitura de São Paulo nesta sexta-feira (20) teve discussão de propostas e isolamento de Pablo Marçal (PRTB), que tenta corrigir a rota da campanha após

seu índice de rejeição decolar.

O influenciador prometeu postura diferente de agora em diante. Durante o debate, adotou uma versão mais mansa, evitando ofensas e sem se referir aos adversários de forma repetida por apelidos.

“Quero pedir perdão, meu objetivo até agora, e a campanha começa agora, foi expor o perfil de cada um”, disse. “A minha pior [versão] eu já mostrei nos debates, a partir de agora você vai ver postura de governante”, completou o influenciador.

Adversários disseram desconfiar da nova versão do influenciador e atribuíram sua postura à rejeição de 47% medida pelo Datafolha, a maior entre os postulantes.

“É difícil acreditar no bom-mocismo de alguém que, desde o começo, só tem trabalhado com ataque, mentira e agressão”, afirmou Guilherme Boulos (PSOL).

Perguntado se foi a cadeirada que deu em Marçal, no debate da TV Cultura, que fez o influenciador mudar de postura, José Luiz Datena (PSDB) respondeu que não. “Ele tudo faz de forma calculada. Quem parou esse cidadão foram as pesquisas, que ele não teve ascensão nenhuma e até perdeu”, disse.

O tucano afirmou ainda que Marçal baixou o tom só até certo ponto. No fim do debate, o candidato do PRTB voltou a mencionar a acusação de assédio sexual contra Datena, que prescreveu e que o apresentador diz ser uma mentira.

“O mostro sempre aparece, de um jeito ou de outro, mas ao monstro, ao condenado, ao bandido, você responde no local adequado, que é a Justiça”, disse.

Tabata Amaral (PSB), ao deixar o estúdio, também afirmou que os índices de rejeição afetaram o debate do SBT. “O que a gente está vendo um teatrinho. […] Marçal, Boulos e Nunes estavam brigando, gritando no último debate. Agora está todo mundo calminho, achando que vão enganar as pessoas”, completou.

Confrontado com a expressão “Marçal paz e amor”, o candidato do PRTB negou que essa seja uma estratégia política ou que tenha a ver com sua rejeição nas pesquisas, mas se trata da sua verdadeira versão, nas palavras dele, “um homem de família” e que “ama as pessoas”.

Na entrevista, o influenciador se corrigiu ao usar “Boules” para se referir ao candidato do PSOL e disse que a partir de agora não usará mais apelidos.

Marçal disse ainda que recebeu uma carta do ex-presidente americano Donald Trump sobre a cadeirada. Ele não mostrou o documento e disse que eventualmente o enviaria para a imprensa.

O debate ocorreu em meio a um cenário estável na corrida eleitoral, mesmo após o programa da TV Cultura, quando Datena agrediu o candidato do PRTB com uma banqueta. Seguem empatados à frente Nunes, com 27%, e Boulos, com 26%. Marçal manteve-se com 19%.

Dessa vez, ele acabou isolado pelos adversários no primeiro bloco, até ser questionado por Tabata.

“Pablo Marçal é como jogo do tigrinho, com promessas falsas que podem atrair quem está desiludido. […] Por isso é importante conhecer a história das pessoas”, disse ela, relembrando polêmicas envolvendo o influenciador.

Marçal ganhou um direito de resposta e afirmou que nunca foi o palhaço: “Eu sempre respondi ao palhaço”.

Após chamar Nunes de “bananinha” em debates anteriores, ele mencionou polêmicas do prefeito, mas sem o tom agressivo habitual.

Afirmou que Nunes “tem um BO em relação a briga de família, violência doméstica, e está envolvido com mais de cem pessoas na máfia da creche na Polícia Federal“.

No segundo bloco, chegou a ensaiar uma defesa de Nunes quando Tabata afirmou que a prefeitura nada fez em relação à piora da qualidade do ar na cidade nas últimas semanas.

“Por mais que o atual prefeito é [sic] concorrente nosso, eu vi os comunicados na cidade de São Paulo. A gente não pode ser injusto com ele. Não precisa usar o nosso tempo para inventar”, disse.

Em seguida, porém, o influenciador lembrou da investigação da PF sobre a “máfia das creches”, que apura suspeitas de lavagem de dinheiro pelo atual prefeito quando ele ainda era vereador da cidade, e do boletim de ocorrência registrado pela mulher de Nunes. “Tem que ser justo naquilo que é bom e naquilo que é ruim.”

Tabata respondeu que acha curioso o “joguinho combinado em que todo mundo virou amiguinho”. “Tem algo por trás”, disse.

No último bloco, Marçal subiu um pouco o tom ameno que vinha adotando. Ao responder pergunta de Tabata sobre violência doméstica, ele afirmou que havia dois agressores no debate, sem citar nenhum nome. Em outras ocasiões, ele já havia ressaltado o boletim contra Nunes e a acusação de assédio contra Datena. O prefeito e o apresentador pediram direito de resposta.

O programa também teve dobradinhas entre Boulos e Datena e entre Nunes e Marina Helena (Novo).

O candidato do PSOL começou o debate perguntando ao apresentador sobre o tema da violência doméstica, assunto sensível para o prefeito.

Em 2011, a mulher de Nunes, Regina Carnovale, fez um boletim de ocorrência o acusando de ameaça.

Boulos não mencionou o caso especificamente, mas disse que “agressor de mulher será tratado como criminoso” em seu eventual governo.

O psolista também explorou a mudança de opinião de Nunes a respeito da obrigatoriedade da vacina da Covid para desgastar o adversário. O deputado do PSOL acusou o rival de mudar de posição a cada eleição.

“Vi Ricardo Nunes dizer que errou ao defender a obrigatoriedade da vacina. A vacinação foi tão importante na pandemia”, disse Boulos, pontuando que Nunes mudou para “agradar aliados”, em referência a Jair Bolsonaro (PL).

Nunes, então, se justificou e disse ter orgulho da atuação na pandemia. “Sou eu o prefeito que fez de São Paulo a capital da vacina”, disse. Ele ponderou, porém, que reveria o “passaporte da vacina”, ou seja, a exigência do comprovante de vacinação para a frequência a determinados locais.

“Não precisa obrigar as pessoas, para ir a igreja, bar e restaurante, apresentar o passaporte”, disse ele, em aceno ao eleitorado conservador.

Em diversos momentos do debate, os candidatos se dirigiram ao eleitor para criticar o que enxergam como promessas vazias dos adversários, fazendo referências à descrença na política. “A maioria dos que aqui estão prometem mundos e fundos e sabem que não vão entregar”, afirmou Datena.

Os candidatos ainda têm pela frente debates programados nos dias 28, da TV Record, 30, promovido pela Folha e UOL. O último antes do primeiro turno será organizado pela TV Globo, no dia 3 de outubro.

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