domingo, outubro 6, 2024
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PIB movido a consumo leva a queda do saldo comercial

Enquanto esteve afastado do poder, entre 2016 e 2022, o PT não aproveitou a oportunidade para refletir sobre seus erros na gestão da economia. Seus dirigentes se recusaram a reconhecer que a derrocada do governo Dilma Rousseff teve raiz na crise que já se avizinhava antes de sua reeleição.

A profunda recessão de 2014-16 foi o resultado da crença de que o Estado deve ser a força motriz da atividade por meio da expansão contínua dos gastos públicos.

Essa foi em essência a política implantada a partir de 2006, quando Dilma, ainda na Casa Civil, torpedeou a proposta do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, de conter a ampliação de despesas permanentes.

Na miragem do moto contínuo, investimentos dirigidos politicamente também deveriam impulsionar o Produto Interno Bruto, mas deixaram uma terra arrasada de má alocação e corrupção.

Quanto à política monetária, restava apenas conter pressões inflacionárias por meio de juros altos, algo por certo tempo tolerável para Luiz Inácio Lula da Silva —mas não para Dilma, que interveio no BC em sua gestão e forçou um experimento monetário irresponsável, de triste memória.

O resultado foi um aquecimento insustentável do consumo das famílias, que não se fazia acompanhar por alta da oferta de bens e serviços na mesma inflação. As consequências incluíram, além de pressões inflacionárias, a erosão dos saldos comerciais do país.

No período, a diferença entre exportações e importações passou de um superávit de US$ 45,1 bilhões em 2006 para déficit de US$ 9,9 bilhões em 2014. De modo análogo, as contas do Tesouro Nacional, no cálculo que não considera o pagamento de juros, saíram do azul para o vermelho.

É o que se ensaia agora novamente. O governo Lula, antes mesmo de começar, impôs gastos adicionais de R$ 150 bilhões ao ano —e não demonstra nenhuma disposição de rever o expansionismo orçamentário.

O crescimento econômico movido à despesa pública por ora se sustenta, mas já começa a dar sinais de perda de tração. No segundo trimestre, a demanda interna subiu 4,7% ante o mesmo período do ano passado, mas o PIB não avançou mais de 3,3%. A diferença “vazou”, como se diz no jargão, para as importações, que se expandiram 14,8%, muito acima das exportações (4,5%).

O modelo petista já levou a novo ciclo de alta dos juros para conter a inflação. O saldo comercial ainda é vigoroso após o recorde de US$ 98,9 bilhões do ano passado, mas tenderá a cair se não houver mudança de rumo.

editoriais@grupofolha.com.br

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