domingo, outubro 6, 2024
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Marçal é expulso de debate, e assessor de influenciador agride marqueteiro de Nunes

O oitavo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo terminou com agressão e confusão após a expulsão de Pablo Marçal (PRTB) nos minutos finais, depois de ele atacar o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

No momento seguinte ao anúncio da exclusão do influenciador, Nahuel Medina, assessor que grava vídeos para Marçal, deu um soco em Duda Lima, marqueteiro de Nunes, que deixou o local sangrando.

O agressor saiu dos bastidores e entrou no estúdio, o que levou à interrupção do programa. Ele foi detido para averiguação pela polícia e levado à delegacia no começo da madrugada. Ao fim do debate, Marçal disse que seu assessor reagiu após ter sido agredido antes.

O fim do evento foi anunciado pelo jornalista Carlos Tramontina, que fez a função de mediador. “Eu tive que paralisar o debate para excluir o candidato Pablo Marçal, que reiteradamente desrespeitava as regras, e, na saída dele, houve uma confusão”, justificou.

“O assessor do prefeito Ricardo Nunes foi agredido, levou um soco no rosto, está sangrando bastante neste momento. A gente lamenta profundamente porque o debate foi muito bom, mas no final tivemos essa confusão”, completou o jornalista.

Marçal foi excluído após levar três advertências por agressões verbais durante as suas considerações finais. Ele afirmou que Nunes seria preso pela Polícia Federal por envolvimento na chamada máfia das creches.

Após o debate, o influenciador gravou um vídeo em que afirma não ser a favor de violência. Ele disse não ter entendido as regras dos debates, citando a participação de José Luiz Datena (PSDB) após o episódio da cadeirada no debate da TV Cultura.

“Para mim não tem problema ser expulso de um lugar em que eu não posso falar”, afirmou.

O candidato do PRTB alegou que Duda Lima teria agredido antes Nahuel. Os vídeos gravados nos bastidores do debate, porém, mostram o marqueteiro de Nunes parado e o assessor de Marçal indo ao seu encontro para dar o soco.

Marçal postou em rede social um vídeo que mostra uma reação de Duda Lima, que coloca a mão sobre o celular que o está gravando. Não fica claro em que momento isso aconteceu. Segundo o influenciador, seria o início da confusão no estúdio.

Após prestar depoimento para a polícia, Nahuel afirmou que foi provocado. Ele disse que o assessor de Nunes xingava o autodenominado ex-coach e tentava “passar um código” para o prefeito durante o evento no Flow.

O agressor alega que tentou filmar o momento em que o assessor de Nunes se comunicava com o candidato do MDB. Ele diz que queria mostrar como “marqueteiros agem pelas costas e como eles criam toda essa narrativa e manipulam tudo”. Nesse momento, Duda teria pegado seu celular e se afastado.

Nahuel alega que, de forma instintiva, desferiu um soco em Duda. Afirmou que também registrou um boletim de ocorrência contra o rival por suposta agressão. A delegacia não confirmou a informação.

“O que eu fiz foi só me defender. Eu estou aqui [na delegacia] agora, mas talvez eu estivesse em casa se tivesse usado uma cadeira, igual aconteceu com o [José Luiz] Datena [que jogou uma cadeira em Marçal no debate promovido pela TV Cultura].”

Após o incidente no estúdio, Duda Lima foi levado ao Hospital Israelita Albert Einstein, no Morumbi (zona oeste), acompanhado de Nunes. Ele deixou o local por volta das 2h45 desta terça-feira (24) e passou na delegacia.

Segundo a assessoria da campanha do prefeito, os médicos deram pontos no rosto do marqueteiro, que também foi submetido a uma tomografia e passa bem. Duda e Nunes saíram do hospital sem falar com a imprensa, que esperava na porta.

Por volta das 3h, o marqueteiro chegou à delegacia para prestar depoimento. Ele novamente preferiu não falar com os jornalistas.

Integrantes da campanha do Nunes alegam que narrativa de Marçal sobre o episódio é mentirosa. Eles afirmam que a filmagem que o influenciador está usando para sustentar o relato foi tirada de contexto.

A tensão entre as equipes dos adversários começou nos bastidores, antes do início do debate. Na chegada ao evento, Marçal gritou na direção de Nunes, que saía de uma entrevista, chamando-o de “tchuchuca do PCC“. O prefeito respondeu e disse que o adversário era “condenadinho”.

Após o debate, Tabata Amaral (PSB), Marina Helena (Novo) e Guilherme Boulos (PSOL) lamentaram a agressão ao marqueteiro de Nunes. Tabata afirmou que Marçal incitou violência mais uma vez e que faz isso por não ter nada a dizer sobre a cidade.

“Fica claro que, quando Marçal não está dando espetáculo, showzinho de merda dele para aparecer e ganhar dinheiro, ele não tem nada a dizer”, afirmou a deputada federal. “Pablo Marçal incita a violência desde o dia zero.”

“A gente vê o assessor do Nunes saindo daqui ensanguentado. A pessoa de maior bom senso aqui foi um cidadão comum que deu voz de prisão ao agressor, o que, aliás, deveria ter acontecido na situação da cadeira no outro debate”, disse Marina Helena.

Boulos chamou de inaceitável a agressão e disse que Marçal é “boi de piranha” do atual prefeito. “Sabe aquele boi que passa primeiro, antes de a boiada passar, para as piranhas pegarem, para chamar atenção, e depois a boiada passa?”, disse. “É assim que o Marçal está funcionando.”

Ele elogiou o formato do debate. “Forçou a debater proposta”, afirmou, antes de lamentar que Marçal aproveitou o final do evento “para esculhambar”.

Datena disse que “tentou manter o nível da democracia o mais próximo possível”. O apresentador afirmou que os debates entre os candidatos estão iguais a “filme de máfia”. “O bandido sempre aparece no fim. A coisa fica desvirtuada”.

Antes da confusão, o debate teve Nunes como alvo dos rivais, e Marçal defendendo Jair Bolsonaro (PL) pela atuação na pandemia de Covid.

Em um formato sem perguntas entre os concorrentes e promovido pelo Flow em parceria com o Nexo Governamental XI de Agosto, projeto da Faculdade de Direito da USP, o evento foi o primeiro do tipo realizado por um podcast.

Os seis candidatos mais bem colocados participaram do evento, que atrasou meia hora, no Esporte Clube Sírio. O debate não previa confrontos diretos entre os candidatos, que responderam perguntas de eleitores e especialistas. Dois políticos eram sorteados por vez. O primeiro tinha dois minutos para responder à questão sobre um determinado tema, e o segundo, um minuto e meio para comentar.

O atual prefeito foi o mais citado pelos adversários. Ao responder sobre segurança, Boulos afirmou ser preciso “desfazer fake news de candidatos que não conseguem diferenciar o tratamento para traficante e usuário”. Nunes tem relacionado o candidato do PSOL ao consumo de drogas.

Boulos também provocou o vice na chapa do prefeito, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL), por causa de uma frase dita pelo policial em 2017, na qual defendia diferentes tratamentos para moradores de bairros ricos e pobres.

Datena e Tabata tampouco pouparam críticas a Nunes. O prefeito afirmou que os adversários “nunca fizeram nada, só têm crítica, como gostam de falar mal da nossa cidade”.

O episódio da cadeirada foi lembrado logo no início do programa. “Nenhuma cadeira está parafusada, nenhuma banqueta está presa, porque nós não temos nenhuma preocupação, nossa preocupação é fazer um debate legal”, disse Tramontina.

Marçal também citou o assunto ao responder uma pergunta sobre trânsito. “A certeza de impunidade faz com que as pessoas briguem no transito ou peguem cadeiras e arremessem em candidatos”, afirmou.

O candidato do PRTB ainda defendeu Bolsonaro, que oficialmente apoia Nunes, ao responder sobre vacinação obrigatória.

“A pandemia foi tratada com muita politização, tanto é que a pergunta já foi direcionada para o Bolsonaro, e ele não está aqui para responder. Mas eu imagino que ele fez todas as coisas que ele fez tentando acertar”, disse.

O ex-presidente minimizou os impactos da pandemia, propagou discurso negacionista e usou palavras “histeria” e “fantasia” para classificar a reação da população e da imprensa ao vírus.

Na última semana, numa tentativa de mirar o eleitorado da direita bolsonarista, Nunes flexibilizou sua opinião sobre a vacinação. Afirmou que se arrepende do passaporte da vacina, ou seja, da obrigatoriedade da imunização para trabalhar na prefeitura e acessar determinados espaços –no debate, porém, em que as perguntas foram sorteadas, ele não respondeu sobre o tema.

Marina Helena, em dobradinha com Marçal, também criticou o passaporte e o fechamento do comércio, mas voltou-se contra o governo Lula (PT). Ela acusou o petista de não ter comprado vacinas para o surto de dengue.

“A gente está chamando o Lula também de genocida? Cadê as vacinas que não chegaram a tempo? Se foi esse caos no que a gente viu na dengue, imagina se fosse essa turma que estivesse lá [no governo] na época da Covid?”, questionou.

No terceiro bloco, Marçal voltou a insinuar, sem provas, que Boulos usa drogas. Como revelou a Folha, o caso de um homônimo foi usado pela campanha do PRTB para embasar a acusação.

“A gente não aguenta mais cheirar essa poluição”, disse o influenciador, com ênfase em “cheirar”. “Você imagina os cheiradores profissionais que já acostumaram com esse ar”, completou.

O candidato do PSOL pediu direito de resposta, que foi negado. Na resposta seguinte, no entanto, ele rebateu o adversário. “Marçal, a única coisa que vou invadir nessa campanha é a sua cabecinha vazia, e vou invadir com ideia, com proposta”, disse.

Ao responder sobre políticas para as mulheres, Marçal voltou a se referir indiretamente à acusação de assédio sexual contra Datena, tema que antecedeu a cadeirada do tucano.

Defendeu que está propondo a “reciclagem dos homens” para “não ter casos abafados de assédio sexual”. Datena pediu direito de resposta, mas foi negado.

Em seguida, o candidato do PSDB usou seu tempo em outra resposta para falar sobre o tema e, por fugir da pergunta, levou uma advertência de Tramontina. Marçal, por sua vez, ganhou um direito de resposta.

O candidato do PSDB disse ter sido “agredido de forma subliminar por um bandido condenado […] por um caso investigado pela polícia e arquivado pela Justiça”.

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