segunda-feira, outubro 7, 2024
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Marçal só oferece arruaça ao eleitor

Na disputa pela prefeitura paulistana, Pablo Marçal (PRTB) não ofereceu aos eleitores mais do que habilidades de arruaceiro juvenil. Ao menos enquanto subia nas pesquisas, entretanto, acreditava saber o que estava fazendo.

Em declaração de raro cinismo, no final de agosto, disse que seu comportamento deplorável em debates e sabatinas era necessário para chamar a atenção dos votantes: “No processo eleitoral, me perdoe, você tem de ser um idiota. Infelizmente a nossa mentalidade gosta disso”.

Ao que parece, o autointitulado ex-coach não conhece tão bem quanto imagina a índole do eleitorado. Neste setembro, o Datafolha o mostra empacado nas intenções de voto e mais distante dos líderes Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), enquanto sua taxa de rejeição atinge patamares proibitivos para um hipotético segundo turno.

O revés trouxe à tona um Marçal desnorteado, juntando momentos patéticos às suas habituais demonstrações de boçalidade. Tentou o papel de vítima quando, após uma série de provocações, tomou uma cadeirada de outro candidato dado a bravatas e bate-bocas, José Luiz Datena (PSDB). Não funcionou.

Seria flagrado depois admitindo, em conversa com apoiadores, que armou uma cena ao deixar o embate em uma ambulância, como se estivesse gravemente ferido. Mais ridículo foi comparar o episódio com os atentados sofridos por Jair Bolsonaro (PL) e o americano Donald Trump.

O passo seguinte foi um canhestro ensaio de moderação e humildade. Pediu perdão aos eleitores paulistanos pelo baixo nível da campanha e prometeu mostrar sua versão de “governante” a partir dali. Tampouco se sustentou a contrição fingida de quem gastou toda a campanha com provocações e calúnias dirigidas aos adversários.

Pois na segunda-feira (23) Marçal estava de volta a seu elemento —desta vez, com agravantes.

Sucessivos ataques retóricos a Ricardo Nunes o levaram a ser expulso de um debate promovido pelo grupo de internet Flow, que já caminhava para o encerramento. Ato contínuo, Nahuel Medina, assessor de Marçal, desferiu um soco em Duda Lima, marqueteiro do prefeito emedebista.

Trata-se de mais um episódio a aviltar a maior série de debates já vista num pleito paulistano. A presença do candidato do PRTB, dada a insignificância da sigla, nem se faz obrigatória nos eventos —ela se justifica pelo interesse jornalístico. É apenas deplorável que Marçal use desse modo a chance de se dirigir ao eleitor.

editoriais@grupofolha.com.br

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