domingo, outubro 6, 2024
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Pacientes desenganados ganham sobrevida e relatam experiência com a fé

Cada vez mais a importância da fé é reconhecida no tratamento de uma ampla gama de doenças, sejam elas físicas ou mentais, independentemente de sua gravidade.

Esse reconhecimento é amparado por um número crescente de estudos que associam a espiritualidade a melhores resultados de saúde.

“Pacientes que possuem uma forte convicção religiosa tendem a apresentar uma evolução mais favorável em comparação àqueles com diagnósticos semelhantes, mas que não expressam qualquer tipo de crença ou fé”, explica Homero Vallada, professor associado do Departamento de Psiquiatria da FMUSP.

“Nos casos de doenças consideradas incuráveis, aqueles que mantêm sua fé geralmente demonstram maior resiliência, maior capacidade de enfrentamento, aceitação da situação e menor sofrimento emocional”.

O psiquiatra reconhece que é essencial que o médico tenha cautela ao fornecer orientações e previsões, evitando afirmações absolutas sobre o futuro do paciente.

Se dependesse da palavra dos médicos, a professora Fabiana Vilela de Lima Moura, 43, viveria apenas mais três meses.

Em dezembro de 2018, ela descobriu um câncer no útero que se espalhou por toda a pelve. O tratamento inicial foi cirúrgico, com a retirada de seis órgãos. Foram 22 sessões de quimioterapias e outras 40 radioterapia.

Filha de pastor e cristã desde pequena, Fabiana conta que chegou a questionar Deus pelo que estava vivendo. “Perguntava a Ele o que eu havia feito de tão ruim para merecer o câncer.”

Casada e mãe de um menino de 10 anos à época, ela relembra alguns momentos em que percebia o filho assustado e com medo, e tentava não transmitir insegurança para ele.

Ela chegou a ser intubada, teve recidivas e realizou outras quatro cirurgias. “Os médicos desacreditaram da cura. Confesso que só de lembrar dessas falas, eu tremo”, diz.

“Precisei aprender que é preciso viver um processo para entender o que a fé pode fazer em nossas vidas”, afirma.

Hoje, Fabiana continua desafiando a medicina, com lesões no fígado e pulmão estabilizadas. “Sigo clinicamente excelente, saúde perfeita. O médico me diz: o seu exame de imagem é de uma pessoa doente, mas olhando para você e os demais resultados, parece que nunca teve e nem tratou câncer”.

Por se tratar de um caso raro, atualmente, a professora faz parte de um grupo de estudo no AC Camargo Cancer Center, onde fez o tratamento.

A professora diz que a doença mudou seus pensamentos, forma de agir e hoje seu relacionamento com Deus é ainda mais profundo.

O vendedor Cleiton dos Santos, 34, viveu algo semelhante em 2019, quando descobriu um tumor de 16 centímetros do mediastino, ao lado do coração. No dia do seu casamento sentiu fortes dores e foi levado ao pronto-socorro logo após a cerimônia. “Nossa lua de mel foi no hospital”, lembra.

Pela gravidade do caso, os médicos chamaram sua família e disseram que ele teria apenas dois meses de vida.

“Só de ouvir a palavra câncer já é um choque. Quando os médicos me deram a notícia, eu pensava: “Deus, será que vou viver ou vou morrer? Acabei de me casar, será que eu vou conseguir entrar na minha casa nova?”, conta.

Cleiton e a família buscaram uma segunda opinião no Hospital do Câncer de Barretos, no interior de São Paulo. Lá, fez todos os exames novamente e os médicos optaram por remover o tumor.

No dia da internação para realizar a cirurgia, chovia muito e uma aquaplanagem fez com que o carro que seguia de Andradina (SP) para Barretos capotasse sete vezes. No banco da frente, o cunhado e a irmã. Atrás, a mãe, com cinto de segurança e Cleiton, sem o cinto.

“O médico do hospital para onde fui levado disse que era para eu ter morrido na hora pela violência do capotamento e por estar sem cinto, mas eu não quebrei nem uma unha”, diz.

O veículo, que pertencia à irmã e não tinha seguro, teve perda total.

Todos ficaram bem após esse novo susto e Cleiton seguiu para o tratamento. Ele se emociona ao falar do papel dos irmãos da igreja intercedendo por ele durante o período. No vídeo abaixo, ele recebeu a visita dos membros de sua igreja, que foram orar e cantar louvores enquanto ele estava internado no hospital.

“Por um milagre eu fui curado”, diz o vendedor, que não precisou fazer quimioterapia. “A doença trouxe uma união que não existia no meu lar. Meu pai, que sempre foi introvertido, passou a expressar o amor dele em palavras por mim”, testemunha.

PREVISÕES

Ao contrário do que vemos em filmes, não é adequado que médicos façam previsões numéricas sobre a expectativa de vida dos pacientes, explica Daniel Cubero, oncologista do Centro Universitário FMABC.

Apesar disso, “dúvidas e incertezas são piores do que receber uma notícia difícil”, explica o especialista.

“Costumamos passar essas notícias propondo uma solução, tentando abrir portas. É possível falar que a doença não será curada, mas que há tratamentos que possam ajudar e aliviar a dor”.

Segundo ele, o protocolo para essas conversas difíceis é respeitar os limites do que o paciente quer saber. “Ajudamos as pessoas a entenderem o problema de maneira realista, para que tenham tempo e possam se reprogramar, para que independente do tempo que elas tenham à frente, que possam viver com qualidade”, pontua.

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