segunda-feira, outubro 7, 2024
Noticias

Série sobre paquitas expõe Marlene como abusadora, vê Xuxa omissa e ignora papel da Globo

Entre os muitos problemas da série documental “Pra Sempre Paquitas”, o que chama a atenção logo de partida é o fato de se vender como algo muito diferente do que é. Não se trata de uma celebração sobre as crianças e adolescentes que foram assistentes de palco de Xuxa, como o título dá a entender.

Muito longe disso. É uma série extremamente pesada, baixo astral, centrada no papel da diretora do programa, Marlene Mattos, que é acusada de ter cometido inúmeros abusos durante anos contra diferentes gerações de paquitas.


Revelada na TV Manchete em 1983, Xuxa foi apresentadora da Globo por cerca de 29 anos, entre 1986 e 2015. Comandou programas infantis e adolescentes, com diferentes graus de sucesso. Por quase duas décadas, entre 1983 e 2002, Marlene esteve ao seu lado, como assistente, diretora e empresária.

Pra Sempre Paquitas” é um projeto de Ana Paula Guimarães, uma ex-paquita, conhecida como Catuxa. Após deixar os palcos, fez carreira na emissora como assistente de direção de programas da própria Xuxa e depois se tornou diretora de novelas. Seu nome aparece nos créditos de uma dezena de produções da Globo.

Ana Paula é vista em diferentes momentos da série documental. Em algumas cenas, surge nos bastidores, como diretora. Em outras, aparece dando depoimentos da sua experiência como paquita. Falando como diretora da série, ela diz: “A gente não quer atacar. A gente só está colocando o que não foi legal naquela época”.


Não foi dessa forma que enxerguei “Pra Sempre Paquitas”. Contei 38 acusações, críticas e considerações negativas sobre Marlene ao longo dos cinco episódios. A série destrói a imagem da diretora de forma implacável e contundente. A ex-diretora não quis dar depoimento para o programa do Globoplay.

Autoritária, insensível, assustadora, preconceituosa, segundo os muitos depoimentos, Marlene administrava crianças e adolescentes com mão de ferro, sem nenhuma preocupação com o impacto de suas atitudes.

Segundo várias ex-paquitas, a diretora fazia “inspeções corporais”. Fechava um grupo de meninas numa sala e mandava que ficassem nuas. Quando considerava que alguma estava acima do peso, a afastava do programa. Segundo uma das jovens, Marlene certa vez disse: “A Xuxa, que é bem mais velha do que vocês, tá com uma aparência bem melhor. Parece que vocês deram a noite inteira”.

Nunca houve uma paquita negra nos programas de Xuxa. Segundo a apresentadora, a culpa era da diretora. “Era longe da vontade dela ter uma paquita negra”, diz. “Marlene queria mulheres loiras, brancas e magras.”

Xuxa, de um modo geral, é poupada de críticas maiores. Ela reconhece que foi omissa, subserviente e, indiretamente, cúmplice de situações desmoralizantes para as paquitas.

“Ingenuidade, idiotice, burrice”, diz a apresentadora sobre suas atitudes. Também diz que foi “egoísta” ao não se importar com decisões arbitrárias da diretora. “Ajudei a vender isso”, diz, sobre a radical falta de representatividade racial do elenco de assistentes de palco.

Um nome é raramente ouvido ao longo das cinco horas de série: Globo. É como se a emissora não tivesse nada a ver com o que estava acontecendo, como se o “Xou da Xuxa” fosse uma produção independente.

É possível acreditar que a direção da emissora nunca ouviu dizer, em mais de duas décadas, que crianças e adolescentes sofriam abuso moral nos programas comandados por Xuxa sob direção de Marlene Mattos? Nunca investigou o que acontecia nos bastidores? Como Xuxa, “Pra Sempre Paquitas” também é omissa em relação a isso.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

source

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com