domingo, outubro 6, 2024
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O esporte favorito dos cinéfilos

Foi em maio de 1984. A Ilustrada promoveu uma enquete entre os cinéfilos do jornal para apurar os 10 maiores westerns da história. Cada filme votado ganhava xis pontos —dez para o 1º lugar, nove para o 2º, oito para o 3º etc. Venciam os com mais pontos. Encarregado de gerir a coisa, saí recolhendo as listas e depois tabulei os números. Deu “Os Brutos Também Amam” (1953), de George Stevens, na cabeça.

Os outros nove, pela ordem, fariam a glória de qualquer festival: “No Tempo das Diligências” (1939), “O Homem que Matou o Facínora” (1962) e “Rastros de Ódio” (1956), todos de John Ford; “Onde Começa o Inferno” (1959), de Howard Hawks; “Johnny Guitar” (1954), de Nicholas Ray; “Matar ou Morrer” (1952), de Fred Zinnemann; “Meu Ódio Será tua Herança” (1969), de Sam Peckinpah; “Paixão dos Fortes” (1946), também de Ford; e “Vera Cruz” (1953), de Robert Aldrich.

Quem votou? Paulo Francis, correspondente da Folha em Nova York; os críticos Inácio Araujo, Pepe Escobar e Luciano Ramos; os editores Adilson Laranjeira, Fernando Morgado e João Moura Jr.; o redator Renato Pompeu; e os repórteres Sergio Augusto, Orlando L. Fassoni, Fernando Pessoa Ferreira e eu. E, ah, sim, o editor de esportes do jornal, José Trajano. Todos com léguas de tiroteios a cavalo e calejados em brigas no saloon.

Decididos os dez mais, cada um de nós foi ver quantos filmes da sua própria lista chegaram à lista vencedora. Fassoni emplacou oito; eu e Laranjeira, sete; Sergio Augusto e os dois Fernandos, seis. Era a média. Os outros tinham escolhas muito pessoais, votaram em filmes que ninguém esperava. Para Paulo Francis, por exemplo, o maior era “Minha Vontade É Lei” (1959), de Edward Dmytrik; para Renato Pompeu, “Winchester 73” (1950), de Anthony Mann; para Luciano Ramos, “O Diabo Feito Mulher” (1952), de Fritz Lang. Todos formidáveis, mas nenhum chegou à lista final.

Apenas um de nós acertou nove dos dez maiores: o fabuloso José Trajano. E só não cravou os dez porque, em vez de “Johnny Guitar”, votou —de farra— em “Matar ou Correr” (1955), de Carlos Manga, chanchada com Oscarito e Grande Otelo.


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