domingo, outubro 6, 2024
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O medo do olhar alheio

A crise de depressão nos adolescentes é marcante. As redes sociais têm gerado um ambiente onde a perfeição alheia parece simples e incrível, gerando uma sensação de não estar à altura. É engraçado porque nas redes esse conteúdo convive com uma ideia superficial de autenticidade disruptiva. Uma contradição evidente.

A comparação é a mãe de muitos erros é muitas decepções. Quando nos comparamos, tendemos a pensar que nossa vida é pior que a vida dos outros. A grama alheia parece mais verde. Só que a maioria das vezes não é.

Adolescentes e adultos, todos vivemos em uma sociedade permeada por olhares, julgamentos e expectativas. O medo do que os outros pensam de nós pode se transformar em um freio poderoso, que nos impede de expressar nossas opiniões, viver nossa verdade ou até mesmo nos libertar de padrões que não nos servem mais.

Quantas vezes já deixamos de falar, de agir ou de ser quem realmente somos por receio de ser mal interpretados, ridicularizados ou, simplesmente, por não nos encaixarmos nas molduras dos outros? Eu vejo isso o tempo todo nos escritórios. Onde o olhar do outro impede os executivos de serem claros frontais. O medo não tem idade.

Em ocasiões, trata-se do receio de uma crítica ao compartilhar uma ideia inovadora, a hesitação em se vestir de forma diferente em um ambiente onde a uniformidade é valorizada ou até mesmo a dificuldade de expressar a desconformidade em um grupo. O que está por trás dessas reações? Um profundo desejo de aceitação, claro, mas também uma percepção de que a rejeição pode trazer consequências dolorosas. Muitas coisas não são ditas pelo medo.

A nossa vulnerabilidade é o melhor caminho para encontrarmos com nós mesmos, desde que cuidemos de não sermos vulneráveis com as pessoas que não vão respeitar esse espaço.

Na vida adulta, mesmo quando fingimos que não, cada um de nós lida com suas próprias inseguranças, e muitas vezes o que consideramos como julgamento é, na verdade, um reflexo das nossas próprias ansiedades. A ansiedade impede conectar conectarmos com os outros e com nós mesmos. A ansiedade desfoca. Obscurece.

Criar espaços onde possamos nos expressar sem o temor da rejeição é fundamental. Naquela sensação de isolamento não estamos sozinhos. Ela é compartilhada pela maioria dos seres humanos, só que não falamos disso. O silêncio nos faz acreditar que ninguém compreende nosso medo. Torna-se um circulo vicioso.

Por fim, é relevante lembrar que a vida é curta demais para viver sob a sombra da aprovação dos outros. Cada um de nós tem uma história a contar, e não devemos consentir que o medo do olhar alheio nos impeça de ser e viver a versão mais autêntica de nós mesmos.


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