domingo, outubro 6, 2024
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Atravessada por afetos

Com toda a potência do meu corpo-memória, comecei a pensar na importância de novos pensares. E fui mais longe, concluindo que só através dos muitos saberes é que podemos, a posteriori, devir-saber alguma coisa.

Era eu ali, com meu devir-humano, que estava sendo atravessada por afetos ou era a minha ancestralidade? Eu não tenho a menor ideia, mas sei que é sobre isso.

O meu brincar não cessa nem durante o meu alimentar, o meu fiodentar e, quiçá, o meu cagar. Meu corpo-memória não tem sua potência apenas na ancestralidade e meu corpo-potência não carrega sua ancestralidade apenas na memória. É a normatividade da dança das novas performatividades.

Ontem eu estava de bobeira aqui e resolvi ressemantizar meu repertório social imagético. Eu não sabia o que estava fazendo e pensei em dar um Google. Mas chamei meu corpo-ancestralidade e meu devir-escritora e agora todo o meu feminino é um corpo atravessado por afetos sem nome, afetos estes re-atravessados por novos pensares e novos saberes.

Meu corpo-potência me lembra (apesar de agora ser mesmo o corpo-potência e não o corpo-memória) de que preciso de mais pluralidade de vivências para me ressignificar como um sujeito que diz “esta é a minha posição de sujeito”. Estaria eu, finalmente, e graças ao atravessamento dos afetos da minha ancestralidade, me aproximando de um devir-sujeito? Não tenho a mais puta ideia, mas coloquei na lista dos novos-saberes (lista que estou desde 2022 tentando colocar sob o guarda-chuva da normatividade).

Outro dia fui lembrar uma parada (sim, com meu corpo-memória) e, porque estou imersa em novos pensares, pensei: vou convocar meu ato de lembrar (quando este for uma consequência direta de uma lembrança advinda de uma repetição) de re-lembrar. E fez toda a diferença. Às vezes uma besteira dessas me abre mais portas que minha parca sensualidade. O que prova que as pessoas são muito ri-dículas.

Enquanto ação coletiva psíquica individual, tem dias que eu tô aqui de boas, de boíssimas mesmo, e me pego tentando tergiversar comigo mesma. Vou numa linha e pá, abro um parêntese, e pá, abro outro. Me confundo no que quero dizer, oportunizando e estimulando o associativismo. Mesmo não sabendo o que faço, sei que faço por todos nós. E também pelos meus ancestrais e pelos seus ancestrais. Toda essa galera que em alguma ancestralidade foram ancestrais dos caçadores-coletores.

A narrativa do que já está instaurado gera confluências. O que isso quer dizer eu não sei exatamente, mas outro dia mandei essa frase e silenciei uns três professores homens brancos decolonialistas. As tais confluências nunca sei direito quando e como usar porque meu cérebro tenta me convencer de que eu só deveria circular meus afetos me implicando nesse viés das confluências se eu estivesse tentando falar de rios. Contudo, sempre que o fazer-crônica me re-lembra do meu devir-escritora, vem junto o meu devir-sujeito e o meu devir-humano. Resumindo: tá tudo bem não estar tudo bem.

Concluo com meu corpo-cérebro que posso ser atravessada por conceitos e não apenas por afetos e dou um pulo de performatividade. Celebro a estética do existir quando meu devir-feminino alcança meu devir-crônica e a verdade me inquieta. Chupem essa mangifera indica, dogmas hegemônicos!


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