domingo, outubro 6, 2024
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Polícia indicia 3 vereadores de Ubatuba por suspeita de rachadinha

São Paulo — A Polícia Civil paulista indiciou três vereadores de Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, por um suposto esquema de rachadinhas em seus gabinetes na Câmara local. A investigação foi marcada por diversas ameaças a quem denunciou o crime e pelo assassinato de um ex-assessor que era testemunha protegida.

Os parlamentares indiciados são o presidente da Câmara, Eugênio Zwibelberg (Avante), o vice-presidente, José Roberto Campos Monteiro Júnior, conhecido como Junior Jr (Podemos), e o 2º secretário, Josué D’ Menor (Podemos). A investigação também atribui crimes a outros cinco assessores, homens de confiança e familiares dos parlamentares (na foto de destaque, Eugênio, Junior e D’ Menor aparecem da esquerda para a direita). 

O delegado Tiago Fernando Correa afirmou em relatório que os vereadores “mantinham, cada qual em seus gabinetes, uma engrenagem criminosa literalmente direcionada a desviar recursos públicos por meio da espúria exigência de repasse de parte dos salários de servidores comissionados que, seja no Legislativo”.

A investigação também revelou que indicados desses vereadores em cargos de secretarias da Prefeitura de Ubatuba também eram obrigados a devolver salários. A apuração contou com relatos detalhados de testemunhas protegidas que fizeram parte do esquema e afirmaram que os parlamentares exigiam a devolução dos salários.

Um desses assessores era Willian Germano da Silva, assassinado em agosto de 2023, quando já era tido como testemunha protegida pela Polícia Civil. Ele relatou ter feito entregas de dinheiro em espécie na Câmara Municipal e que sua mulher também era comissionada e devolvia dinheiro. O beneficiário dos repasses teria sido Junior Jr.

Germano foi encontrado morto com marcas de espancamento e mãos amarradas. Segundo a Polícia Civil, ele havia sido ameaçado por um homem de confiança do vereador.

A investigação sobre a morte continua em andamento e tem como hipótese mais forte a versão segundo a qual Germano teria sido feito refém por um grupo que queria usar seu carro para sequestrar um empresário. Se confirmada, essa versão enterraria a suspeita de que foi vítima de um crime político.

Todos os casos tinham particularidades. Uma assessora de Josué D’ Menor disse que ele exigia parte dos salários para que o dinheiro fosse destinado a um “trabalho social”.

No entanto, os próprios servidores diziam que ele passou a ostentar “carros, viagens de luxo, além de apartamentos em áreas valorizadas da cidade”. Também diziam que ele vivia “em bares, bebebendo e rodeado de mulheres”.

Segundo os depoimentos, Eugênio Zwibelberg não aceitava ser contrariado. Quem se recusava a fazer parte dos esquemas era perseguido. Uma das testemunhas disse acreditar que o vereador queria matá-lo.

O Metrópoles buscou contato com os parlamentares indiciados por meio da assessoria da Câmara Municipal de Ubatuba, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

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