Datena diz que espera último debate do 1º turno sem “falas imorais”

São Paulo — O candidato José Luiz Datena (PSDB) afirmou nesta terça-feira (1º/10), em São Miguel Paulista, na zona leste de São Paulo, que espera que o último debate do primeiro turno seja livre de “falas imorais”. O tucano também aproveitou a visita ao centro comercial do bairro para fazer propostas para a periferia da capital paulista.

Datena disse esperar que o último debate, na quinta (3/10), na TV Globo, seja “dentro dos preceitos democráticos” e que os participantes “não digam mentiras nem à população e nem sobre outros candidatos”.

“Não interessa você desfazer, arrebentar a vida de outros candidatos com falas imorais e que nunca aconteceram. Não adianta você destruir um candidato com mentiras, você tem que apresentar propostas para resolver a vida de São Paulo”, disse o tucano. “Espero que esse debate, o último do primeiro turno, seja dentro dos preceitos democráticos e que todos nós, candidatos, respeitemos o principal ator de uma eleição, que é o eleitor. Não é partido, nem candidato”, afirmou.

A fala de Datena remete ao ponto crítico da atual campanha, o debate da TV Cultura, quando foi acusado por Pablo Marçal (PRTB) de ser estuprador, sem provas. O tucano reagiu à provocação dando uma cadeirada no ex-coach.

A cadeirada, por sinal, persegue o apresentador de TV desde então. Em todas as suas curtas caminhadas de campanha, Datena é abordado por eleitores que citam o episódio de forma jocosa. Muitas vezes, isso se dá aos gritos e, em outros momentos, com cadeiras, banquetas e tudo que remeta à agressão.

Em São Miguel Paulista, não foi diferente. Quando caminhava pela Rua Serra Dourada, foi abordado por uma vendedora ambulante que queria fazer uma foto ao lado de Datena com uma banqueta. O candidato se desvencilhou, evitou o tema e seguiu em frente.

A caminhada de Datena pela área de comércio popular de São Miguel foi bastante concorrida. Muitas pessoas se aproximaram do candidato para tirar fotos. Algumas, por admirá-lo como personagem da televisão, apresentador de programa policial nas tardes da TV Bandeirantes.

Não, necessariamente, por apoiar sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, que, segundo a última pesquisa Datafolha, conta com apenas 6% das intenções de voto — é o quinto colocado.

“Assisto muito na TV, gosto muito do programa. Mas estou pensando ainda. Até o domingo, decido o meu voto”, disse a cozinheira Silvana Ribeiro, 55 anos, uma das pessoas que pararam o candidato para tirar fotos.

Periferia

Datena aproveitou a caminhada por São Miguel Paulista, a quase 30 km da Praça da Sé, na região central, para fazer propostas à periferia da capital paulista. “Na periferia, já é duro você viver, porque quase nada chega aqui com qualidade. Agora, tem as periferias das periferias, onde não chega nada mesmo”, afirmou.

O candidato citou um dos principais problemas encontrados em bairros afastados do centro. “Estou descobrindo periferias dentro das periferias. Se a gente conseguir atrair grandes conglomerados para essas periferias de São Paulo, vamos atrair empregos, que é o que mais precisa”.

Datena também citou as enchentes no vizinho Jardim Romano e disse ainda que, em alguns lugares, falta o básico para a população. “Você viu o calor que está hoje, né? Antes de entrar no problema da enchente, o rapaz me pediu a coisa mais simples do mundo. Quando o ônibus passa, o cara está há 40, 50 minutos sem um teto sobre a sua cabeça, na chuva e no sol. Você imagina?”, questionou. “São pessoas idosas, crianças, que correm o risco de insolação, de tomar chuva 40 minutos, porque nem têm uma coisa simples”, disse.

O apresentador é conhecido por ter uma rotina relativamente reclusa, com a maior parte da vida concentrada entre a mansão onde vive e a sede da TV Bandeirantes, onde comanda seu programa. Durante a campanha, por mais de uma vez, afirmou que tem gostado da experiência de caminhar entre a população, quando tem se inteirado dos problemas da cidade.