domingo, outubro 6, 2024
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A guerra pelo Senado em 2026 já começou

José Dirceu fez uma curva fechada. Em 2018, o ex-ministro afirmou que a esquerda precisava de maioria no Congresso para implementar um “programa radical”. Anos mais tarde, lançou um diagnóstico mais realista e disse que Lula havia formado “um governo de centro-direita” ao voltar ao poder. Agora, ele vê necessidade de ir mais longe.

Dirceu diz que a esquerda deve estar preparada para apoiar candidatos de direita ao Senado nas eleições de 2026. Em entrevista a Mônica Bergamo, o ex-ministro petista disse que será preciso seguir esse caminho em alguns estados para “evitar que haja uma maioria de extrema direita” na próxima legislatura. “Estamos preocupados”, reconheceu.

Desde que perdeu a eleição, o bolsonarismo praticamente só pensa em ocupar o Senado. No governo ou na oposição, uma maioria na Casa é sempre valiosa. Um trator potente é capaz de aprovar as propostas mais delirantes de um presidente da República ou infernizar a vida dos adversários. Para essa turma, o objetivo principal é outro.

A prioridade da direita radical é ter cadeiras suficientes para eleger um presidente do Senado disposto a fazer andar o impeachment de ministros do STF. Seria o início de uma vingança contra o tribunal ou, no mínimo, uma forma de pressão sobre a corte. Se continuarem na oposição, os bolsonaristas buscariam uma carta de saída livre da prisão. Caso retornem ao governo, tentariam amarrar as mãos do Supremo.

Parte da esquerda acredita que a maneira de evitar esse golpe é isolar a extrema direita. A ideia é ajudar a eleger senadores de partidos de direita que topem disputar a eleição sem alinhamento com o bolsonarismo. O plano faz sentido, mas falta combinar com essas siglas, que costumam lamber os beiços quando se associam à trupe do ex-presidente.

A guerra pelo Senado não será uma disputa acessória em 2026. A eleição de parlamentares será uma variável importante neste ciclo prolongado de riscos para a democracia. A esquerda precisará de mais humildade se quiser emplacar uma frente ampla convincente, enquanto a direita não bolsonarista terá que decidir se hipoteca seu apoio, mais uma vez, ao papo furado dos radicais.


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