sábado, outubro 5, 2024
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Galerias marcam apogeu e início da queda do centro de São Paulo

Quem anda pelo centro novo de São Paulo, entre as avenidas São João e São Luís, cujo eixo central é a rua Barão de Itapetininga, se depara com uma profusão de galerias comerciais. Elas são de um tempo em que a região ainda estava no seu apogeu e atraia a população dos bairros para as compras e para a diversão.

Ocupavam um lugar que anos mais tarde seria tomado pelos shopping centers. A diferença é que elas são espaços públicos e locais de passagem, não ambientes fechados.

A primeira galeria de São Paulo foi a Guatapara, aberta em 1933, entre as ruas 24 de Maio e Barão de Itapetininga, no térreo do edifício do mesmo nome, propriedade da família Matarazzo.

Nos anos 1940, surge a galeria Olido, onde funcionava um cinema e espaços comerciais. É uma curva entre a avenida São João e a rua Dom José de Barros. Hoje está instalado ali um centro cultural que inclui o Museu do Circo.

“Essas galerias começaram a ser usadas, a princípio, como extensão das ruas”, diz a antropóloga Paula Janovitch, que no próximo dia 5, sábado, promoverá uma visita guiada em 14 galerias da região. “Naquela época havia uma legislação para estimular que os edifícios comerciais e residenciais fizessem essas passagens internas e por isso elas se multiplicaram.”

Isso aconteceu entre o final dos anos de 1940 e o começo da década de 1960. São dessa época a Galeria Itá (1949), a Ipê (1951), a Califórnia (1953), com projeto de Oscar Niemeyer, a das Artes (1956), a Itapetininga (1957), a Metrópole (1960), a Nova Barão (1962), a Sete de Abril (1962), a do Rock (1962), a Boulevard Centro (1962), a Presidente (1962) e a R. Monteiro (1963), projetada por Rino Levi.

Se o padrão era fazer galerias no térreo de edifícios comerciais ou residenciais, a do Rock rompeu com essa tendência. Foi projetada por Maria Bardelli e Ermano Siffredi apenas como um centro comercial. Os mesmos arquitetos foram responsáveis pelas galerias Sete de Abril, Nova Barão e Presidente.

Para Janovitch, a galeria do Rock é a passagem mais fotogênica do centro novo. Ligando a rua 24 de Maio à avenida São João, ela tem sua fachada toda em curvas de ambos os lados e segue por caminhos labirínticos e coloridos.

Outra galeria “pura”, que não tem um prédio de escritórios sobre si é a Metrópole, na avenida São Luís. É um projeto de Salvador Candia e Gian Carlo Gasperini que se abre para a cidade, tem entrada por três ruas diferentes e conta com um jardim no seu espaço interno.

Em 1964 ganhou um cinema que recebeu grandes plateias durante várias décadas. Foi também ponto de encontro de artistas e intelectuais. Atualmente está sendo reocupada por escritórios de design e por um comércio variado.

A Metrópole é o ponto de partida da visita guiada que Janovitch fará no próximo sábado. E a galeria também vai abrigar neste mês a 4ª edição do evento Design na Metrópole.

“No Centro se concentrava tudo, a vida cultural, comercial, tudo acontecia ali e as galerias são resultado desse vigor”, diz a antropóloga. “Mas a partir dos anos 1960 acontece um deslocamento financeiro para a avenida Paulista, os bancos começam a deixar a região e a situação muda. Mas não acho que o Centro entrou em decadência. Ele ficou popular, não decadente.”


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