sábado, outubro 5, 2024
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O fim do carvão na eletricidade

No século 18, a invenção da máquina a vapor na Inglaterra deu a largada na Revolução Industrial propelida a carvão mineral, que se tornaria a principal fonte para geração de eletricidade. O ciclo se fecha, agora, com a desativação da última usina movida por esse combustível fóssil no Reino Unido.

Em 30 de setembro desligaram-se as turbinas da central elétrica em Ratcliffe-on-Soar. Esse processo de descomissionamento das usinas mais poluidoras começou em 2015, no esforço para zerar emissões líquidas de carbono na economia britânica até 2050.

O plano era interromper em uma década o consumo de carvão para eletricidade —e foi cumprido. Faz sentido focar o início da descarbonização nesse combustível, que emite a maior quantidade de CO2 dentre as fontes fósseis, como petróleo e gás natural.

Há quem defenda estas duas como alternativas de transição, mas o ideal é substituir os três recursos finitos por fontes limpas renováveis, como eólica e solar —com retaguarda de energia não intermitente, hidrelétrica, nuclear ou armazenada em baterias.

Trata-se do caminho para cumprir o Acordo de Paris (2015) de conter o aquecimento global em 1,5ºC a 2ºC até 2100, mas o mundo ainda segue no sentido oposto.

Em 2023, o consumo de carvão foi de 8,53 bilhões de toneladas, um recorde, segundo a Agência Internacional de Energia. Mais da metade da queima ocorreu na China, que teve alta de 4,9%.

Países do G7 acordaram em abril eliminar a geração a carvão em dez anos, entretanto com flexibilidade para os muito dependentes, criticada por ambientalistas. O Japão tem ainda 30% de sua energia proveniente desse fóssil, e a Alemanha, 25%. Na China, a dependência vem caindo, mas ainda é de 53%.

Nas negociações sobre mudança climática, historicamente, tem prevalecido a lógica de maior tolerância com a potência asiática e outros países em desenvolvimento, onde há muita pobreza para erradicar e parcos recursos para financiar a transição.

A maré está virando, contudo. Ao mesmo tempo em que cresce a pressão das nações ricas para Pequim reduzir emissões, criam-se tarifas sobre carros elétricos, painéis fotovoltaicos e baterias de lítio chineses.

Tal voga protecionista tem tudo para encarecer e atrasar a eletrificação das economias. EUA, União Europeia e Canadá já engataram essa marcha a ré no liberalismo que pregam para os outros. A bem da verdade, o Reino Unido, pátria tanto dessa doutrina quanto do carvão industrial, por ora se absteve do passo incoerente.

editoriais@grupofolha.com.br

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