sábado, outubro 5, 2024
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O que você precisa saber para começar a correr

Por causa do texto “Corrida serve pra isso”, no qual faço verdadeira ode à corrida —”alegria é um produto imediato, costuma vir já durante o treino (…)”—, leitores me procuraram para saber como começar a correr.

Um deles queria indicações de livros com perfil de manual, e indiquei dois, ambos de educadores físicos fundadores de assessorias de corrida: “Corra”, do Mario Sergio Andrade Silva, da Run&Fun, e o recém-lançado “Jornada da Corrida”, do Darlan Duarte, da Pacefit.

O livro do Marião, de 2009, com versões digital disponível no Kindle e física na Estante Virtual, avança pelo sendero aberto pelo velho “Guia Completo da Corrida”, de James Fixx, o best-seller dos anos 1970 a que é creditado bom naco do boom das corridas naquela época nos Estados Unidos.

Fixx dizia que qualquer fumante poderia com algum treinamento correr uma maratona, a prova-fetiche de 42km. Marião não precisou evocar o tabagismo –nem Fixx–, mas também tentou fazer um livro totalizante.

Marião é muito cioso das chamadas zonas de treinamento, que são balizadas pela frequência cardíaca do corredor. É a combinação dessas zonas, com esforços de maior ou menor intensidade ao longo da semana, que permitem o ganho de condicionamento e uma boa performance no cascalho.

Tudo isso soa muito déjà-vu, mas nos anos 1990 acreditava-se no LSD (acrônimo de Long Slow Distance), o modelo de treino “devagar e sempre”, com ênfase no volume. Marião me contou que já chegou a preconizar 42km de uma vez só para um incauto num simples treino.

O LSD ficou no passado. Hoje, é difícil encontrar quem não ministre um treino intervalado semanal quando a zona de treinamento/esforço bate nos 95% da frequência cardíaca máxima. É no intervalado que a gente dá “tiro” e “deixa tudo”. Felizmente, os tiros são curtos (bem, depende).

Darlan Duarte dividiu seu “Jornada da Corrida” em 42 tópicos, sucumbindo ao fetiche dos 42km. “Acho que a jornada do corredor fica completa com a maratona”, disse à Folha, num café do parque Ibirapuera.

O livro, que teve uma pequena tiragem inicial e está disponível em formato digital (PDF), aborda diversos aspectos da corrida. Há inclusive dicas de etiqueta e um glossário com os termos mais utilizados por treinadores e corredores amadores –”cascudos” ou não.

Darlan e Marião são treinadores experientes, muito diferentemente de mim, e é por isso que não devem ter considerado o que para este colunista é o fiat lux, a condição sine qua non para se começar a correr. É uma razão, reconheço, tautológica: se você quiser começar a correr, primeiro é preciso gostar de correr.

Uma pequena digressão: nossos ancestrais corriam quando precisavam caçar –ou quando não queriam virar caça. Corríamos nós também, quando crianças. No entanto, trocamos nossos corres por outros menos literais. Retomar esse movimento tão humano é razoavelmente simples. Mas se não houver vontade e imediata satisfação, na segunda semana de treinamento já começam as desculpas.

Como em qualquer atividade física, a rotina é chave. E para que algo não mandatório vire rotina, é preciso gostar desse algo.

Ocorre o seguinte: se o cascalho não der match logo no começo, nem Darlan, nem Marião, nem Paulo Vieira vão conseguir fazê-lo concordar com esta asserção clara e distinta: “correr é do c*”.


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