sábado, outubro 5, 2024
NoticiasPolitica

O inesperado faz surpresas

Eleição não se ganha nem se perde de véspera, embora seja esta a ocasião em que mais se especula sobre quem vai comemorar vitórias ou amargar derrotas. Isso ficou mais forte desde que o advento das pesquisas de intenção de votos tomou conta da cena.

Antigamente, na pré-história dos anos 1980, quando o Brasil começou a retomar eleições diretas nos estados (1982), nas capitais (1985) e à Presidência da República (1989), a medição da vontade do eleitor era fruto do trabalho da imprensa, com repórteres à caça do “clima” país afora.

Por razões que não vêm ao caso nem são objetos aqui de juízo de valor, isso mudou. Agora o que conta são números, tabelas, gráficos e recortes minuciosamente destrinchados a cada rodada com rapidez e graus de certeza (não de acerto) impressionantes.

Quando destoam da voz das urnas é a acusação de sempre: as pesquisas erraram. Chovem críticas, e na eleição seguinte voltamos a nos guiar obedientemente por elas. Pelo simples fato de que são instrumentos eficientes para a detecção de situações e tendências.

Como alertam os institutos aos quais o furor contestatório do dia seguinte não costuma dar ouvidos, pesquisas não pretendem substituir o eleitorado nem fazer as vezes das circunstâncias. Isso sem contar com o inesperado que, no inesquecível verso de Johnny Alf (1929-2010), existe para nos trazer surpresas.

Na política, a prudência advinda da experiência e dos equívocos cometidos por precipitação aconselha não menosprezar alguns fatores, independentemente de as disputas estarem acirradas ou não.

O caso mais recente, o de Wilson Witzel, em 2018, cujo nome só vimos a conhecer praticamente no dia da eleição que o faria governador do Rio de Janeiro. Em episódios desse tipo, a pesquisa não pega as “ondas” de última hora nem os movimentos dos eleitores com vergonha de antecipar a escolha ou daqueles que resolvem conferir utilidade ao voto na boca da urna.

Portanto, é melhor conter o ímpeto do afã de acertar do que incorrer no equívoco de culpar quem faz o seu papel sem necessariamente a pretensão de adivinhar.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

source

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com