sábado, outubro 5, 2024
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Quando o desastre termina, por onde a sociedade recomeça?

No fim de abril, chuvas torrenciais atingiram a região dos Vales, no Rio Grande do Sul, por dez dias ininterruptos. As tempestades sobrecarregaram bacias dos rios do entorno, fazendo com que a água chegasse ao rio Guaíba, em Porto Alegre, e à lagoa dos Patos, em Pelotas e Rio Grande, que, assim como os rios da região dos Vales, transbordaram.

Em pouco mais de dois meses, enchentes atingiram mais de 90% do Rio Grande do Sul: 478 de 497 municípios foram impactos, e a Defesa Civil do estado estima que 2,4 milhões de pessoas foram prejudicadas. No fim de junho, cerca de 390 mil seguiam desalojadas, e o estado contabilizava mais de 800 feridos e 178 mortos em decorrência das inundações.

Quase cinco meses depois, as chuvas passaram e a água baixou, mas a população do Rio Grande do Sul segue sentindo os impactos do desastre ambiental. Durante a tragédia, todos os aspectos das vidas dos habitantes do estado foram afetados, incluindo a educação de milhares de crianças.

Em junho, visitei a cidade de Canoas, a terceira mais populosa do Rio Grande do Sul, com mais de 300 mil habitantes, e uma das mais atingidas pelo desastre. A água e a lama destruíram as instalações de 55 escolas públicas —metade das instituições de ensino da cidade—, deixando pelo menos 23 mil alunos sem a estrutura adequada para estudar.

Para ajudar a enfrentar essa crise, B3 Social e Instituto Ultra lançaram a campanha “Segunda Chamada”, que nasceu de uma importante reflexão sobre como o empresariado pode trabalhar em conjunto —e de maneira complementar a outras instituições privadas e públicas—, na construção de um sistema organizado que apoie a reconstrução.

Em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Canoas e a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul, definimos os itens mais urgentes para atender às necessidades emergenciais de cada escola e garantir a infraestrutura ideal para a retomada integral das aulas.

Itens foram organizados em kits que vão desde material escolar e livros didáticos até brinquedos e equipamentos para cozinhas das escolas, que podem ser doados por pessoas físicas e jurídicas.

Iniciamos a campanha em setembro e, até o momento, arrecadamos R$ 2,2 milhões, entre recursos dos idealizadores e contribuições de parceiros, beneficiando cerca de 15 mil alunos.

Todo o dinheiro arrecadado é destinado ao movimento União BR, responsável pela compra dos kits que serão enviados às escolas. A organização surgiu em 2020, com o objetivo de combater os efeitos da pandemia do coronavírus no Brasil e, desde então, apoiou mais de 26 milhões de pessoas e 4.000 ONGs.

Juntos, buscamos o apoio de empresas e sociedade civil para a reconstrução das escolas de Canoas e do futuro de suas crianças.

Este é um convite para todos que acreditam na força da educação e na potência da mobilização coletiva. A água baixou, mas a emergência continua.


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