segunda-feira, outubro 7, 2024
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Nunes e Boulos têm chance de melhorar debate em SP

Em um dos primeiros turnos mais acirrados das eleições paulistanas, prevaleceram, por margem minúscula, os dois candidatos mais experimentados e que reuniram maior estrutura política em torno de si. Nesse sentido, o êxito de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) eleva o grau de normalidade da disputa.

Boulos é a aposta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ocupar o vácuo à esquerda deixado pelo esvaziamento de lideranças petistas na cidade. Chega pela segunda vez ao segundo turno, tendo sido derrotado por Bruno Covas (PSDB) há quatro anos.

Na campanha, mostrou dificuldades para herdar os votos de seu padrinho político entre os estratos mais pobres e afastou-se de bandeiras de seu partido.

Nunes, que chegou à prefeitura com a morte de Covas, articulou um poderoso bloco de apoio —do centro à direita bolsonarista— à sua candidatura, aí incluídos o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e, de modo menos convicto, o próprio Jair Bolsonaro (PL). Valeu-se também de uma máquina pública com raro volume de dinheiro em caixa.

Sai do páreo a grande surpresa das eleições municipais deste ano, o autointitulado ex-coach Pablo Marçal, que no nanico PRTB nem mesmo dispôs de tempo de propaganda oficial. Ainda assim, usou com desenvoltura redes sociais, entrevistas e debates para dividir o eleitorado bolsonarista com sua coleção de provocações, mentiras e calúnias.

De todo modo, Marçal, que pode enfrentar problemas judiciais por seu comportamento, evidenciou a existência de um expressivo contingente de direita no eleitorado paulistano.

Na competição que remanesce, o prefeito, ao menos em tese, larga como favorito. Conta, afinal, com taxa de rejeição consideravelmente inferior à do adversário; tende a herdar a ampla maioria dos votos de Marçal e pode obter boa parcela dos de Tabata Amaral (PSB), a quarta colocada.

Parece inevitável que o embate entre Nunes e Boulos reproduza, em grande medida, a polarização entre petistas e bolsonaristas que marca a política nacional desde 2018. É de esperar que os padrinhos políticos de ambos se enfrentem de modo mais aberto na arena municipal a partir de agora.

Sem as arruaças do ex-coach, no entanto, abre-se oportunidade preciosa, ao longo das próximas três semanas, para a discussão mais aprofundada das prioridades da metrópole.

Na primeira etapa da campanha, Nunes aproveitou sua enorme vantagem em tempo de propaganda de rádio e televisão para exaltar seus feitos na prefeitura, sem contraponto das mesmas dimensões. Ainda assim, sua gestão não obteve mais do que índices modestos de aprovação nas pesquisas do Datafolha.

Agora, os dois candidatos dividirão tanto o tempo dos programas de rádio e TV quanto o dos debates, o que —espera-se— tende a enriquecer o cotejo de programas de governo.

editoriais@grupofolha.com.br

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