terça-feira, outubro 8, 2024
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Nunes agradece a Tarcísio e diz que São Paulo 'não aceita o extremismo'

Após chegar ao segundo turno, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou, na noite deste domingo (6), que não irá “permitir que a cidade seja levada para desordem”, em uma crítica ao seu adversário Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, que será decidida no próximo dia 27.

“A cidade não aceita o extremismo”, disse ainda, sempre sem mencionar o rival. O discurso deu o tom da estratégia que vai adotar nesta segunda etapa, de fustigar Boulos, candidato de Lula (PT), ao associá-lo à extrema esquerda.

Nunes larga como favorito no segundo turno —simulação do Datafolha de sábado (5) mostra o prefeito com 52% contra 37% do deputado.

Neste domingo, com 100% das urnas apuradas, Nunes teve 29,48%, Boulos, 29,07%, Pablo Marçal (PRTB), 28,14%, Tabata Amaral (PSB), 9,91%, Datena (PSDB), 1,84%, e Marina Helena (Novo), 1,38%.

“Está colocado em jogo situações antagônicas. A diferença entre a ordem e a desordem; a experiência e a inexperiência; a boa gestão e a interrogação; entre o diálogo, a ponderação, o equilíbrio e o radicalismo”, afirmou Nunes, arrancando aplausos da militância.

O prefeito declarou, em resumo, que seu objetivo no segundo turno será “demonstrar para a sociedade a diferença entre uma candidatura e outra”. Segundo ele, a sua candidatura representa a união da direita e do centro contra a extrema-esquerda.

Após a apuração, a comemoração no comitê do MDB, na região central, misturou alívio e xingamentos a Marçal por parte de militantes. Entusiastas do prefeito vibraram como se o resultado fosse o de segundo turno.

Nos bastidores, emedebistas veem a reeleição como provável, pois esperam que os votos do PRTB, que são anti-esquerda, migrem espontaneamente para Nunes. Por outro lado, dizem que os ataques de Boulos serão pesados e que será preciso saber como responder para assegurar o favoritismo.

O êxito de Nunes é uma vitória política do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que mergulhou na campanha. Chamado por Nunes de grande irmão, leal e amigo, Tarcísio foi o terceiro a ser mencionado no discurso de agradecimento, atrás apenas de Deus e família.

Nunes afirmou que o governador não mediu esforços e “teve atitude correta, coerente e parceira”. Há um contraste entre o apoio sem ressalvas do governador e o apoio vacilante de Jair Bolsonaro (PL), que chegou a pular no barco de Marçal antes da apuração.

Em seu discurso, Tarcísio afirmou que foi uma vitória “maiúscula”, “do bom senso”, “da capacidade do diálogo” e “da pacificação”. O governador disse ainda que a harmonia entre estado e prefeitura faz a diferença.

Ao deixar o palco, o governador disse estar muito feliz e contou que, durante a apuração dos votos, se revezou entre assistir e orar. “Sufoco”, relatou.

Nunes também mencionou seu vice, Ricardo Mello Araújo (PL), dizendo que agradeceu a Bolsonaro por tê-lo indicado. “Uma pessoa que a vida inteira se dedicou a sociedade”, disse sobre o coronel ex-chefe da Rota. “Eu tenho certeza que fiz um grande amigo”

Em seu discurso, o prefeito disse ainda estar honrando o legado de Bruno Covas (PSDB), morto em 2021, de quem herdou a prefeitura, e abraçou Tomás Covas, filho do político.

A federação PSDB/Cidadania, que concorreu com Datena, foi a primeira a declarar apoio a Nunes, já neste domingo.

Em fala a jornalistas neste domingo, o prefeito não disse que buscaria o apoio de Marçal, mas confirmou que aceitaria o embarque do influenciador e, principalmente, do seu eleitor.

Segundo Nunes, os eleitores de direita que votaram em Marçal tendem a votar nele agora por uma identificação natural.

“Nós precisamos de todos juntos para vencer a extrema esquerda. Eu não tenho dúvida nenhuma de que esse voto virá. Nós desejamos esse voto. O que essas pessoas defendem, eu também defendo. […] Um governo liberal, de representar a direita, de representar o centro, de moderação. Do outro lado, temos o extremismo”, disse.

Nunes ressaltou ter um governo liberal e disse que Boulos poderia retroceder em “avanços como parcerias público-privadas e concessões”. Tarcísio também afirmou que a gestão de Nunes era liberal e conservadora, dando início aos acenos ao eleitorado de Marçal.

Na mesma linha, o prefeito afirmou que sua gestão tem segurança jurídica, desburocratização e combate à corrupção.

Nos bastidores, aliados de Nunes afirmaram que o laudo falso de Marçal contra Boulos fez a diferença na reta final, prejudicando o influenciador. Outro fator positivo apontado foi a live de Bolsonaro na sexta (4), quando o ex-presidente subiu o tom contra Marçal.

Aos jornalistas, Nunes afirmou ainda que a live ajudou, mas ponderou que o resultado se deve a uma série de fatores, incluindo sua baixa rejeição.

A respeito de Bolsonaro, Nunes disse que teve apoio do ex-presidente e justificou sua ausência no primeiro turno pelo fato de ele ter feito campanha em todo o país. O emedebista evitou responder se vai buscar uma presença mais incisiva de Bolsonaro no segundo turno.

Desde o princípio, o MDB buscou evitar embates ideológicos e a polarização Lula-Bolsonaro, que tende a favorecer Boulos —dada a rejeição do ex-presidente e a vitória de Lula na capital em 2022.

Em vez disso, a campanha buscou destacar entregas e obras da atual gestão, sobretudo na periferia, tática que deve se manter neste segundo turno.

Nunes chegou ao comitê por volta das 20h30, acompanhado de Tarcísio —o carro de som tocava o jingle da dupla, Nunestar. Também estavam juntos o ex-governador Rodrigo Garcia e o presidente do MDB, Baleia Rossi.

Uma série de apoiadores acompanhou o pronunciamento de Nunes, como Gilberto Kassab (PSD), Fabio Wajngarten, Milton Leite (União Brasil), Paulinho da Força (Solidariedade), Aldo Rebelo (MDB), Guilherme Afif (PSD), além de diversos secretários da prefeitura e o marqueteiro Duda Lima.

O segundo turno contra Boulos era o cenário esperado pelos aliados de Nunes, ainda que Marçal tenha sido um risco importante para a concretização desse plano.

Ao encarnar os valores bolsonaristas e crescer no vácuo da direita conservadora, que não se identifica com Nunes, Marçal ameaçou a tática do MDB e roubou o protagonismo na eleição paulistana.

Prevaleceu, contudo, a lógica da dita velha política. A seu favor, Nunes teve a máquina da prefeitura, uma coligação de 12 partidos, fundo eleitoral farto, 65% do tempo de propaganda no rádio e na TV e caciques de peso.

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